November 22, 2005

Miguel Montenegro desenha The Intimidators - Corrigido

-- Nota Correctiva: Recentemente soube que devido a divergências com a editora, Miguel Montenegro não vai continuar a ser o artista da série The Intimidators. É pena, mas apenas os dois primeiros números serão desenhados por ele. No site da CentralComics podem ler uma entrevista com o autor onde ele expõe as suas razões.

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Hoje apeteceu-me dar destaque a uma série da Image, que vai sair nos Estados Unidos em Dezembro. A principal razão pela qual acho que merece destaque, é o facto de o artista da série se tratar de um autor português: Miguel Montenegro.

Eu não sou apologista da cultura protecionista que defende que o que é nacional é bom, pelo que não me vão ver a seguir cegamente um artista apenas pelo facto de este ser português. No caso desta série, para além de ter gostado dos previews e das capas que vi na net (principalmente a do número #3, que podem ver acima), gostei também da idéia de Jim Valentino para este título. É claro que, como português amante de comics americanos, é com algum orgulho que vejo um artista do meu país ser publicado nos Estados Unidos.

Basicamente, podemos distinguir dois grandes grupos de tipos de super-heróis. Temos aqueles super-heróis mais clássicos, com valores morais bem grandes, considerados exemplos a seguir - como por exemplo o Superman, ou o Captain America - e temos outro tipo de super-heróis mais modernos, os heróis do novo milénio, com pés de barro, que muitas vezes justificam os meios violentos que usam com os fins que pretendem alcançar. Podemos encontrar este tipo de heróis em titulos como The Authority e Ultimates.

Em The Intimidators, vamos poder ver o que acontece quando um super-herói dito clássico - Astroman - se vê envolvido num grupo de super-heróis estilo Authority. Os Intimidators são um super-grupo semi-patrocinado pelo governo para resolver problemas relacionados com o terrorismo global. O choque é inevitável, e deve gerar situações bem engraçadas de ler.

Criado por Jim Valentino (Shadowhawk), The Intimidators é um título da Image escrito por Neil Kleid (Ninety Candles) em colaboração com o próprio Valentino, e desenhado por Miguel Montenegro. O primeiro número sai em Dezembro, pelo que deve chegar às lojas de cá no inicio do ano que vem.

November 18, 2005

Adeus a Gotham Central


Foi com muita pena que vi na lista de titulos DC a sair em Fevereiro do ano que vem, que a série Gotham Central iria acabar no número 40. Não é o único titulo que irá chegar ao fim em Fevereiro, mas acho que vai ser aquele que mais saudades vai deixar. Isto porque era um titulo diferente dos habituais, e para o qual não estou neste momento a ver que exista um substituto.

Tratava-se de um titulo sobre os detectives do departamento de polícia de Gotham City. Apesar de as histórias se passarem na cidade do Batman, e tanto essa personagem como a sua galeria de vilões ter influência nos vários arcos que decorreram ao longo da série, o destaque era dado aos homens e mulheres da polícia de Gotham, e o modo como estes eram afectados (fisica e psicologicamente) pela existência dos "freaks" de Gotham, termo que eles usavam para descrever não só os bat-vilões mas também o próprio homem-morcego e os seus aliados.
Muito semelhante a séries como Hill Street Blues e NYPD Blues, mês após mês os leitores iam conhecendo melhor as personagens da série, os seus valores e ambições, as suas bravuras e fragilidades, a sua nobreza e os seus podres.

Os criadores desta excelente série foram Greg Rucka e Ed Brubaker, argumentistas excepcionais para este tipo de histórias, que contaram com a arte também muito adequada de Michael Lark. Adequada parece uma palavra muito fraca para descrever o tom urbano, sombrio e realista que Lark deu a esta série, e que se tornou uma caracteristica da mesma. Tanto que se pode dizer que o principio do fim da série deu-se quando Michael Lark deixou de desenhar a mesma. Isto apesar de os artistas que se seguiram (Stephano e Kano) manterem o mesmo tipo de traço na série.

Apesar de ser um titulo que comercialmente rendia pouco, ao que parece o fim da série não foi consequência disso uma vez que os editores da DC comprometeram-se com os criadores a não deixar que as vendas definissem o destino da série. Segundo o próprio Greg Rucka, a decisão de dar um fim à série foi dele, depois de Lark e Brubaker sairem e assinarem acordos de exclusividade com a Marvel. Tal como disse à Newsarama :

I told DC that I wanted to end it,” Rucka said. “It’s delicate and I don’t want to cast anyone in a bad light or have anything I say be misinterpreted as something its not – I think Stephano and Kano have been doing terrific work, but this series started back with issue #1 as something by Ed Brubaker, Michael Lark and myself. For a very long time, we had talked about how this was ‘our thing.’ It was the three of us working together, and we wanted it to remain as such."

“Dan DiDio said to me very early on that he was not going to cancel this book, and cancellation was something that Ed, Michael and I didn’t have to worry about,” Rucka related. “He said that he felt it was an important book for comics, as well as an important book for DC. Our numbers never really soared, and frankly, if DC had wanted to, they could’ve cancelled it due to numbers many times during its run. They didn’t, and we’ll always be grateful to DC for that.“It’s weird, because there is a piece of me that would like to keep going, but there’s a larger piece of me that just didn’t feel it was right to keep it moving when it was the child of three fathers, so to speak, and I was the only one left raising it. We’d started it together, and had said we were all in it together, and when we’re not all there, it’s still Gotham Central, and it’s still a very good book, but it’s just not the same. I think for everyone involved, it was time to put it down, and time to let it go out with some dignity instead of trying to string it along, because don’t know how long I could’ve kept things going without them and still have it be what it was designed to be. Likewise, passing it on to another writer just wouldn’t feel right, for the same reasons.“

“It’s a sorrowful thing. I’m sad to see them go,” Rucka said. “Again, it’s not a rare thing that a book ends, but again, Gotham Central was a unique thing. This kind of book hadn’t been seen before, and I think that was part of the reason why we had such trouble getting and keeping an audience. People didn’t know what to make of it – it had Gotham in the title, but Batman was barely in it. I think that confused certain readers. The audience that we did find though was fiercely loyal to the series, and very passionate about it. I can’t thank them enough – I really can’t. They were there, month in, month out, telling their friends about it, pushing copies on people who didn’t read it. At every show I do, there’s always someone who comes up and says that of everything I write, Gotham Central is by far their favorite. They also say please never let it end…”


Na minha opinião, esta série teria beneficiado muito (a nivel de vendas) se os Trade Paperbacks tivessem sido publicados mais depressa. A verdade é que apesar de ter começado a ser publicado em finais de 2002, só em 2004 é que saiu o primeiro trade da série. Eu considero-me um fã desta série, e o meu primeiro contacto com esta foi em Maio de 2004, quando comprei o primeiro TPB. Tive a sorte de conseguir encontrar back issues de modo a completar os números que me faltavam, e isso incentivou-me a continuar a comprar regularmente este título. Caso não tivesse tido essa sorte, teria de esperar pelo segundo trade, o qual também só saiu recentemente. Com uma politica de publicação de TPB mais atempada, talvez mais leitores tivessem entrado no mundo de Gotham Central. Até porque o tipo de história parece ser mais virado para o tipo de publico que habitualmente se dedica mais aos TPBs que aos comics de 22 páginas.

Mas agora tudo não passam de especulações. O facto é que a série vai acabar, o que é pena. Mas também concordo com a opinião de Rucka, de que não seria a mesma coisa sem os tipos que a criaram. E é preferível a série acabar ainda em graça, do que vê-la cair em desgraça.

November 7, 2005

FIBDA 2005 - até ao ano que vem

E pronto, lá passou mais um FIBDA. Devo dizer que em termos de autores, achei este ano bastante bom em número e variedade artistica dos convidados presentes. Havia para todos os gostos, penso eu. Pelo menos no que toca ao meu gosto não me posso queixar. Autores de comics americanos havia pelo menos 5, graças aos esforços de 2 lojas e uma editora nacional.

A Kingpin-of-Comics trouxe cá Ed Brubaker (Captain America, Sleeper, Catwoman), Cameron Stewart (Seaguy, Catwoman) e Sean Phillips (Sleeper). A presença destes autores foi para mim o momento mais alto e de maior valor neste FIBDA. Ambos os artistas, para além de presentearem os seus fãs (e não só) com sketches, deram umas luzes sobre banda desenhada aos aspirantes a artistas que frequentaram os seus workshops durante o festival.

Cameron Stewart (t-shirt preta, ao centro) durante o workshop

Um deles, o Sean Phillips, trouxe algo de inovador ao FIBDA ao trazer consigo várias pranchas de trabalhos bem recentes dele, que ainda nem foram publicados nos Estados Unidos. Foi muito interessante poder ver os originais da série Marvel Zombies, sobre a qual já falei aqui neste blog.

Sean Phillips

Quanto ao Brubaker, foi igual a si mesmo, sempre muito conversador com o pessoal que o abordava. Outra mais valia introduzida pela Kingpin no programa deste ano foram as "conversas" (não eram bem debates, certo?) com estes autores, que decorreram na pequenissima divisão à qual a organização do FIBDA decidiu chamar de auditório. São sempre oportunidades de ouvir profissionais dos comics falar sobre o meio, e ficar a conhecer até algumas curiosidades engraçadas, como a história que o Ed Brubaker contou de quando era mais novo. Parece que há vários anos atrás, durante uma Comic-Con de San Diego, Brubaker tinha levado um pequeno comic autopublicado por ele para oferecer ao célebre Will Eisner. Este, no meio da confusão habitual que é uma comicon, agarrou no comic do Brubaker, assinou-o como se fosse dele, e devolveu-o ao Brubaker que ficou sem saber o que dizer. Próóóximo....

Convidado pela Mongorhead, também esteve cá o Liam Sharp (The Possessed, Spawn: The Dark Ages), de regresso ao FIBDA, 5 anos depois da sua última visita a este festival. Curioso, Steve Vai e Eric Sardinas tocaram na sexta-feira passada na Aula Magna, também 5 anos depois de terem dado um concerto nesse mesmo local. E que grande concerto, mais uma vez. Mas isso é outra conversa... A fila para sketches do Liam Sharp era das que andava mais devagar, mas não era de admirar. Bastava olhar para os excelentes desenhos que o pessoal orgulhosamente mostrava ao sair da fila, para perceber que Sharp se estava a esmerar.

Liam Sharp

Por fim, ainda dentro do campo dos comics, uma agradável surpresa pela mão da Devir: a presença no festival de Leandro Fernandez, artista recente de titulos da Marvel como Punisher, Wolverine e Hulk. E foram sobre esses personagens que recairam mais pedidos de sketches.
Foi pena não ter vindo também o Essad Ribic, como estava anunciado. As suas capas de Wolverine são verdadeiras obras de arte, e o seu estilo mais europeu que americano pode ser comprovado em titulos como The Brotherhood (já lá vão uns anos), e mais recentemente num par de números de Ultimate X-Men, onde introduz a versão ultimate da personagem Gambit.

Mas e tirando os autores convidados - cuja zona de autográfos estava muito bem estruturada - que tal foi o FIBDA deste ano ? Bem, se formos por aí, acho que se pode dizer que foi fraquinho. Tirando uma ou outra, as exposições não tinham o glamour ou personalidade de outros anos. A que me pareceu mais convidativa foi a do Cameron Stewart, que tinha cores chamativas mas não berrantes, e reproduções em mural de desenhos do autor.

Um dos 3 painéis da exposição de Cameron Stewart

Outra que tinha uma decoração interessante era a do artista Vittorio Giardino. Mas a maior parte, como a dos artistas convidados pela Devir, limitavam-se a ser um conjunto de pranchas pendurados numa parede. Bem sei que não se deve julgar um livro pela capa, mas num mundo como o da BD, onde a parte visual é muito importante, a apresentação das obras também conta para o realçar das mesmas.

Exposição de Vittorio Giardino

E que mais há a dizer sobre o FIBDA deste ano ? O recinto em si continua a não ter um ambiente agradável. É muito abafado e quente. Dá idéia que não tem qualquer tipo de ventilação, pois o número de pessoas presentes não era assim tão grande pra provocar tamanho calor. Vezes houve em que o número de pessoas pertencentes à organização me pareceu maior que o número de visitantes.

E para terminar, resta-me dizer qualquer coisa sobre uma actividade que tem vindo a tomar um lugar de grande destaque no FIBDA, nem que não seja pela barulheira que causa: a competição de cosplay. Eu até acho engraçado ver pessoal mascarado de personagens de Manga e Anime, mas algo me diz que podia ser melhor aproveitado este costume. Pareceu-me muito abandalhado, muito grito em palco. Mais uma vez, há que dar mais valor à imagem.

Full Metal Alchemist cosplayer

October 21, 2005

Convidados do FIBDA 2005

Howdy!

De 22 de Outubro a 6 de Novembro realiza-se mais uma edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora. Este ano, vão estar presentes alguns convidados cujo trabalho eu acho interessante, e os quais quero destacar aqui. Curiosamente, ou talvez não, todos eles são convidados de lojas de comics.




Ed Brubaker

Para mim é o MVP do FIBDA 2005 deste ano. Argumentista norte-americano responsável por comics de sucesso como Sleeper, Captain America, Gotham Central, Catwoman, entre outros. É para mim um dos melhores argumentistas de comics da actualidade em histórias de crime, suspense e espionagem. A Marvel escolheu-o recentemente pra se debruçar sobre o passado de personagens chave como o Dr Doom e X-Men. A mini-série Books of Doom irá dar a conhecer melhor aspectos do passado do monarca da Latveria, enquanto que a outra mini-série, X-Men Deadly Genesis, irá revelar um obscuro segredo do passado dos X-Men, que remonta aos tempos do clássico Giant Size X-Men. Interessante, mas aquilo que mais ansiosamente aguardo do futuro próximo deste escritor é o inicio da run dele em Daredevil, onde junto com Michael Lark irá substituir a actual equipa criativa do homem sem medo (Bendis e Maleev). Estará no FIBDA como convidado da Kingpin of Comics.



Cameron Stewart

Artista canadiano, está no mundo dos comics há alguns anos, principalmente como arte-finalista de titulos da Vertigo. O seu nome passou a ser mais conhecido quando se tornou o artista regular do titulo Catwoman. A sua run com Ed Brubaker neste titulo catapultou-o para a linha da frente dos novos artistas da DC. Um dos seus trabalhos mais recentes é Seaguy, onde fez parceria com
um dos seus argumentistas preferidos: Grant Morrison. The Manhattan Guardian, também com Morrison, é outro titulo onde podemos encontrar a sua arte. Estará no FIBDA como convidado da Kingpin of Comics.



Sean Phillips

Artista britânico, tornou-se famoso com a série de sucesso Sleeper, da Wildstorm, onde trabalha com Ed Brubaker. Mas também podemos encontrar o seu trabalho em outros titulos, como a mini série Kingpin da Marvel, alguns números de Uncanny X-Men, ou a mini série da DC Batman Jekyll and Hyde. Como mencionei no post anterior deste blog, será ele o artista de Marvel Zombies. Estará no FIBDA como convidado da Kingpin of Comics.



Liam Sharp

Mais um artista britânico, desta vez um "repetente" do Festival da Amadora, uma vez que esteve presente no saudoso ano em que vieram cá nomes como Peter David, Luke Ross e Dave Gibbons. Entre os seus trabalhos mais conhecidos contam-se prestações em titulos como Incredible Hulk e Man-Thing da Marvel, nos anos 90. Mais recentemente podemos ver a sua detalhada arte em Possessed da Wildstorm, e Spawn: The Dark Ages da Image. Estará no FIBDA como convidado da Mongorhead.

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Para além destes, o FIBDA conta com outros convidados, sobre os quais poderão saber mais em
http://www.amadorabd.com/index_content.html

Hoje, dia da ante-estreia do festival, este site ainda se encontrava em construção. Espero que esteja concluído em breve, para que todos os interessados possam consultar o programa do mesmo e escolher qual ou quais os dias em que o pretendem visitar.

Pra já, fiquem com um cheirinho da arte do Cameron Stewart.

October 13, 2005

Marvel Zombies

Howdy!

Marvel Zombies era o termo que normalmente os fãs da DC usavam para descrever os fãs da Marvel, no eterno conflito Marvel vs DC que existe desde o inicio dos tempos. Era e é usado como um insulto, uma forma de dizer ao mundo que para este ou aquele leitor, só o que é Marvel é que interessa. De facto existem leitores assim, quer de um lado (Marvel) quer do outro (DC), adeptos ferrenhos do seu clube.

Agora esse termo vai passar a ter uma outra conotação, quando sair a mini-série Marvel Zombies, escrita por Robert Kirkman e desenhada por Sean Phillips.




Kirkman junta neste trabalho dois mundos que muito gosta: zombies e personagens da Marvel. Para além disso, tem ainda o bónus de trabalhar com um artista que admira, Sean Phillips, autor que saltou para a fama com a série Sleeper, da Wildstorm.

O conceito da mini-série é engraçado. Existe uma realidade alternativa onde todos os super-heróis da Marvel foram afectados por um virus que os transformou em zombies famintos por carne humana. Esta realidade foi introduzida pela primeira vez por Mark Millar e Greg Land no titulo Ultimate Fantastic Four #21-#23, e a mini-série começa onde essa história acaba. Mas segundo o autor, não é obrigatório ler esses números para perceber a história de Marvel Zombies. Robert Kirkman é a escolha mais acertada para escrever uma história destas, uma vez que é o criador da excelente série The Walking Dead, da Image. Outro dia darei a este titulo o destaque que ele merece. Mas estes Marvel Zombies não são o tipico zombie trapalhão e atrofiado dos filmes. Não, estes zombies mantêm a sua inteligência, agilidade, e todos os poderes que estes heróis têm no universo marvel normal. A única diferença é a fome com que têm de lidar. E o aspecto cadavérico :)

Por falar em aspecto, os apreciadores da arte de Phillips vão ficar contentes, uma vez que o estilo dele será semelhante ao usado em Sleeper. É também um estilo próximo do artista que acompanha Kirkman em Walking Dead, Charlie Adlard. Mas para mim, esta história seria mais interessante se fosse desenhada pelo Greg Land. A arte dele em Ultimate Fantastic Four, com estas personagens, é simplesmente espectacular. Não me importava nada de ver mais umas quantas páginas.



Entretanto, com o Sean Phillips como um dos convidados da Kingpin of Comics no próximo FIBDA, vou tentar não perder a oportunidade de obter um zombie sketch à maneira.


September 13, 2005

Re: Leituras Soltas

Hey Nuno ! Obrigado pelas reviews. Como de costume, foi muito informativo, mas desta vez ao contrário das outras, não fiquei com muita vontade de ler esses titulos. Tirando o Bigfoot....
Tony Daniel...nunca mais foi o que era na primeira mini-série de The Tenth.
Leinil Yu...nunca mais vi nada dele que gostasse tanto como a história "Not Dead Yet", que saiu em Wolverine. Não estou a ver o estilo dele favorecer as Danger Girls.

Mas o que queres dizer com "J Scott Campbell é que, claro, nem sinal " ? Então o homem até fez esta capa alternativa....


Leituras Soltas

Bigfoot

Foi a primeira coisa que li da editora IDW, especializada nos temas clássicos do terror. O argumento de Steve Niles e do vaqueiro do metal Rob Zombie não é mau, embora seja um bocado preguiçoso. Se calhar, até de propósito. O que temos em “Bigfoot” é uma reconstituição nostálgica, sem manias nem van helsinguizações ocas e desnecessárias. Há um monstro que mata campistas na floresta. E Richard Corben desenha. Quem precisa de mais? Assim como está, está bom, mas depende muito do gosto de cada um. Sem dúvida haverá melhores comics no mercado, mas se de vez em quando sentirmos aquela urgência em consumir entertainment acéfalo onde as sombras produzam monstros e as pessoas morram num mar do seu próprio sangue, então, a IDW tem precisamente o que precisamos.

“Bigfoot” tem pouca originalidade, as personagens são quilos e quilos de carne para canhão bidimensional, e o argumento é igual a todos os filmes de monstros série b que já vimos. Mas não deixemos que isso nos desmotive de ler esta mini-série ou trade (caso venha a sair um, e virá concerteza). A arte de Richard Corben também já teve momentos mais brilhantes, mas ele continua com aquelas proporções divertidas e a atribuir aos seus desenhos aquela qualidade de plasticina muito stop-motion que nem está mal pensada e até enche as páginas de uma ingenuidade vivaça.

Deve haver outras maneiras de se escrever um conto de terror com o Bigfoot, mas se calhar, deixava de ser este Bigfoot, o clássico monstro das florestas homólogo do abominável homem das neves. E se calhar existem artistas que seriam capazes de ilustrar a história de uma forma mais sofisticada, mais sombria. Mas não foi preciso. Assim, não só entretém como ainda abre caminho para o lucrativo marketing dos peluches.


Humankind

Tony Daniel publicou através da Top Cow o seu último projecto independente, depois de um ano de ausência dedicado a estudar a arte do scritpwriting. Um ano depois, e os argumentos dele continuam a não prestar. Humankind é a prova de que o curso de um ano foi dinheiro mal gasto. E ainda me perguntam porque é que eu leio tanta porcaria. De outro modo, como poderia falar mal das coisas?

Humankind conta a história de um planeta muito parecido com o nosso, chamado Thera Os theráqueos são uma raça avançada que há centenas de anos observa a nossa patética civilização de tal modo que começou a emulá-la. Ao ponto de, lá pelo meio da história, o autor incluir um barco de piratas e uma arena de gladiadores. Estes theráqueos, apesar da sua fantástica tecnologia, incrivelmente ainda precisam de escravos. E resolveram clonar humanos (através das amostras bípedes recolhidas pelos seus discos voadores no nosso planeta ao longo dos tempo) para lhes tratar da roupa suja e da libido.

Mas estes humanos são como coelhos, e reproduzem-se a um ritmo anormal, e a sociedade theráquea em breve fica atulhada deles. Segue-se a inevitável luta de classes, e Alia Sparrow é uma detective humana seminua que pertence ao Departamento de Investigção de Crimes Humanos. A missão dela, e da sua colega robomorphica Greta, é capturar um fugitivo que chegou a Thera vindo da Terra e que, sem saber carrega dentro de si um vírus que poderá extinguir toda a raça humana em ambos os planetas.

Isto, posto desta maneira, até parece uma boa ideia. Mas Tony Daniel não sabe escrever. O melhorzinho da sua carreira a solo ainda é a série “The Tenth: Abuse of Humanity”, e este “Humankind” está a anos-luz, tanto em escrita como na arte. As mulheres seminuas já não têm aquele apelo, os monstros são despachados às três pancadas e o graphic storytelling é sacrificado no altar dos pin-ups em honra de obscuras splash pages e da lei do menor esforço. Tony Daniel ainda não conseguiu evoluir para lá do mero T&A que o resto da indústria tão esforçadamente tenta sacudir de cima dos ombros, sendo a Top Cow um dos seus últimos redutos.


Batman & Danger Girl

Por falar em T&A, algumas das suas mais bem conseguidas representantes aportam em Gotham City por obra e graça de Andy Hartnell e Leinil Francis Yu, um dos artistas que mais gosto de ver dar vida a argumentos ligeiros. Abbey Chase e as suas amiguinhas da Danger Girl fazem-se ao suculento bife financeiro que é Bruce Wayne. Claro, Bruce Wayne é também o Cavaleiro das Trevas, esse ícone indefectível da justiça e das relações suspeitas com rapazinhos.

O Joker e respectiva namorada tresloucada Harley Quinn estão no mercado para comprar parafernália de controle psíquico de massas. O vendedor é um tal Donovin Conrad, conhecido inimigo das sensuais operativas Danger Girl, que o perseguem até ao quintal do Batman em nome dos bons velhos tempos. O argumento é mais ou menos isto, mas com muitos palhaços à mistura.

Andy Hartnell escreve tudo com muito humor, e bem conseguido, para admiração minha. Batman retém a sua dignidade no meio duma torrente de one-liners, chegando mesmo a esgrimir-se de ironias com as suas lúbricas parceiras de aventura, ao ponto de nem sentir a falta de Robin no meio de tantas glândulas mamárias de banda larga. O Joker, como sempre, é quem tem as melhores deixas desta história.

A arte de Leinil Francis Yu é que é capaz de ter saído chamuscada devido à tendência poço natural que o arte-finalista Gerry Alanguilan tem para carregar no pincel. Yu desenha um Batman de queixada muito enrugado e um Joker carrancudo e de nariz protuberante que talvez não lhe fique muito bem. Mas é tudo feito com bom gosto, e o resultado final é muito bom. Surpreendentemente bom, tendo em conta as personagens de estilos antagónicos. Um crossover insólito mas de qualidade. De J. Scott Campbell é que, claro, nem sinal.

September 2, 2005

Noticias Ultimates

Howdy!

Por altura da Wizard World Chicago, soube-se que o argumentista Jeph Loeb ia trabalhar para a Marvel, e que no seu primeiro projecto iria ter a companhia de um artista há muito ausente dos comics: Joe Madureira. Soube-se agora finalmente no que vão trabalhar, e trata-se nada mais nada menos do que o titulo Ultimates. A revista Wizard 168 traz um artigo com alguns sketches de Madureira, e uma boa splash-image do Captain America que vos vou deixar procurar na net, ou ver na própria revista.


Ultimates Vol. 3, com saida prevista em meados de 2006, irá ter a primeira mudança criativa desde a sua origem. Jeph Loeb e Joe Madureira irão substituir os criadores da série, Mark Millar e Bryan Hitch. A mudança maior será talvez a nível da arte. O hiper-realismo de Hitch dará lugar ao estilo mais anime-oriented do Madureira. Quanto ao argumento, será que se vai notar alguma diferença ? Eu penso que sim. Millar e Loeb parecem-me ser muito diferentes nas histórias que têm pra contar, e no modo como o fazem. Loeb é mais character-oriented, mais clássico por assim dizer, enquanto que Millar tem um estilo mais blockbuster, que em conjunto com os painéis incriveis de Hitch fizeram de Ultimates o titulo de sucesso que é.
Por outro lado, o facto de Ultimates ser um titulo com menos "censura" editorial do que os titulos que habitualmente Loeb escreve, é uma hipótese para este escritor se "soltar", ser mais selvagem. No inicio é capaz é de se notar algum esforço extra nesse sentido. Espero é que não seja muito...forçado.


Ainda antes do volume 3 sair, lá por volta do primeiro trimestre de 2006, está também previsto sair o DVD "Ultimate Avengers", um filme de animação de 75-80 minutos com saida directa em DVD, inspirado nos primeiros 6 números de Ultimates, de Millar e Hitch. Uma boa notícia é que o som será gravado em Dolby Digital 5.1.

Este filme será o primeiro de uma série de filmes de animação com personagens da Marvel, com saida directa para DVD. A empresa com a qual a Marvel está a trabalhar neste projecto é a Lion's Gate Family Entertainment.

August 19, 2005

Comics Hunter : Mission Las Vegas


Cá estou eu de novo, com mais um episódio desta rúbrica, Comics Hunter, um mini-guia para os viciados como eu que, mesmo quando estão fora, gostam de ler comics.

E por falar em vicios... Viva Las Vegas! Esta cidade, também conhecida como a cidade do pecado, faz jus à sua fama de capital do jogo. Por todo o lado há slot machines, e o tipo de pecados que se podem cometer nesta cidade não acabam nas mesas de jogo. Heck, isso é só o principio. Mas isso dava outra história, e eu estou aqui é para falar de Comics. Mesmo que para isso arrisque contrariar a velha máxima de "What happens in Vegas, stays in Vegas". :)

O facto é que é dificil encontrar lojas de Comics na Strip, a avenida mais conhecida de Las Vegas, onde estão os Hoteis-Casinos mais famosos e a noite é inundada por jogos de luz, cor e som. Mas a alguns quarteirões desta zona, perto da Universidade de Las Vegas, lá consegui dar com uma, a Alternate Reality Comics.


No dia em que a visitei (o passado dia 23 de Julho), por coincidência estava a decorrer uma sessão de autógrafos com o Jim Lee, por ocasião do lançamento do All Stars Batman & Robin: The Boy Wonder. Grande coincidência. E pensar que dias antes tinha estado uma hora na fila, na Comic-Con de San Diego, para que o Lee me assinasse alguns livros. Em Vegas esperei uns 5 minutos :)

Também estavam presentes outros jovens autores, um dos quais descobri agora mesmo que era o Ale Garza (Ninja Boy, YJ/Titans: Graduation Day). Raios, devia haver uma lei a obrigar que fossem afixados os nomes dos artistas nestes eventos. Podia ter aumentado a minha colecção de sketches.

Mas voltando à loja em si, é muito porreira. Não é muito grande, mas tem os comics bem expostos, sendo fácil encontrar as novidades mais recentes. E para mim ganha uma série de brownie points pelo facto de ter tido a iniciativa de promover uma sessão de autógrafos com um dos autores mais procurados do momento. Acredito que não deve ser fácil, levar artistas destes às lojas, principalmente durante a época das convenções de comics. Ou então foi mais fácil, pois apanhou-o entre a San Diego Comic-Con e a Wizard World Chicago. Seja como for, a procura deve ser grande, pelo que é de louvar o esforço.

Como de costume, aqui fica a morada da loja, e um pequeno mapa, para ajudar futuros visitantes desta fantástica cidade a dar com o sítio.

Alternate Reality Comics
4800 S Maryland Pkwy Ste D
Las Vegas, NV 89119-6316

August 11, 2005

San Diego Comic-Con International 2005

Um dos momentos mais felizes da minha vida, foi sem dúvida aquele em que me ligaram da RFM a dar a notícia de que tinha ganho uma viagem a San Diego, para ir ver a famosa Comic-Con. Lembro-me, ainda antes de ter sequer enviado o meu trabalho sobre a Catwoman, de ter ficado satisfeito por um canal de rádio português saber da existência da SDCC, esse grande evento dos comics e da cultura pop norte-americana, onde se misturam elementos de SCI-FI, Comics, Cinema, Jogos e muito mais. Fiquei tão radiante pela iniciativa que, mesmo pensando ter poucas hipóteses de ganhar alguma coisa, decidi desenterrar o lápiz e as folhas de papel cavalinho A4 e participar. Em boa hora o fiz.

Depois de muitas semanas de ansiedade, chegou finalmente o dia em que me vi à porta do San Diego Convention Center. Na mochila levava alguns comics de alguns dos meus autores preferidos, e estava muito curioso de ver como seria a ante-estreia, a tal em que supostamente só vão os convidados. A verdade é que qualquer pessoa que tenha encomendado com antecedência o passe de 4 dias da convenção, também tem direito a estar presente na pré-abertura. O que é justo, uma vez que só mesmo os mais fanáticos estão dispostos a enfrentar a fera que é a Comic-Con, 4 dias seguidos. A grande vantagem de ir na ante-estreia, é ter acesso ao Exhibit Hall antes dos milhares de visitantes que lá irão durante os 4 dias de convenção. No Exhibit Hall estão os stands de editoras, lojas, autores, distribuidoras de filmes, produtoras, artistas, etc. Desde a DC Comics ao mais pequeno dos editores. Do Stan Lee ao John Smith (quem? Exacto). O facto é que, mesmo na ante-estreia, ainda se encontram vários milhares de pessoas neste local, e dado que a abertura é mais tarde (16h00?) do que nos dias normais (10h00), existe um intervalo menor de tempo para um sem número de pessoas que tentam obter aquilo que os levou lá - seja isso um autografo dos seus artistas preferidos, sejam action figures exclusivas da Comic-Con. Uma vantagem é que o processo de obtenção do passe para os 4 dias, parece ser mais rápido que nos dias normais de convenção. Uma vez que os bilhetes já foram comprados com antecedência, é uma questão de passar pelas várias mesas de registo para obter o seu crachá de visitante. Esta parte foi mais ou menos rápida. Mas já dava para ver, pela quantidade de pessoas que por ali andavam, que tudo o resto iria ser bem demorado. E algumas coisas, impossíveis de obter.

Aqui fica então, a minha visão pessoal da San Diego Comic-Con 2005.

Stands e Booths (Exhibit Hall)

A zona de Stands (ou Booths) das editoras situava-se a meio do Exhibit Hall. Aquele que mais me ficou na memória foi o da DC Comics, talvez por ter sido aquele onde passei mais tempo, em filas, à espera de obter alguns sketches dos vários artistas e autores que por ali passaram. A verdade é que no que diz respeito a editoras de comics, a DC era a que tinha o stand mais apelativo. Para isso muito contribuiu a imagem do All Stars Batman & Robin do Jim Lee, que era nem mais nem menos que a imagem do cartaz da SDCC deste ano. O stand da DC tinha uma zona central onde estavam expostas várias e recentes action figures das suas personagens, e à sua volta estavam estratégicamente colocadas as mesas onde os autores se sentavam, encostados a grandes painéis com imagens dos seus trabalhos mais recentes. Tinhamos por exemplo a mesa da Wildstorm, onde o autor mais procurado era o J Scott Campbell, que apresentava a sua nova série Wildsiderz. Tinham também uns monitores estilo aeroporto, onde iam indicando quais os autores que estavam presentes naquele momento no stand, e as horas a que estariam os próximos. A verdade é que estas horas nem sempre eram cumpridas à risca, e para obter algo de artistas como o Jim Lee e o Campbell, não chegava estar nas filas. Antes de eles estarem no stand, a horas não marcadas eram distribuidas umas pulseiras com cores, pelo "sheriff" do stand - um sujeito algo irritante com manias de porteiro de discoteca - e só quem tivesse essas pulseiras é que podia depois se colocar na fila para obter um sketch, ou assinaturas dos artistas presentes. Jim Lee, Ian Churchill, Jeph Loeb, os irmãos Adam e Andy Kubert, J. Scott Campbell, Jeph Loeb, Joe Benitez, Geoff Johns, eis alguns dos nomes que por ali passaram. Ainda consegui uns sketches porreiros, mas a maior parte das vezes as filas formavam-se tão depressa que quando eu tentava ir para uma delas já lá estava alguém com o maldito cartaz a dizer "I'm the last one. Sorry". O stand da Marvel era mais pobrezinho, quer em termos de convidados quer no que diz respeito ao que se podia lá obter. Enquanto na DC podiamos ver coisas como previews de séries a sair, ou mesmo obter posters e pins, na Marvel apenas se limitavam a mostrar previews dos próximos jogos da Activision. Podia experimentar-se o novo jogo Fantastic Four, ou o Ultimate Spiderman, e ver demonstrações do X-Men Legends 2. Outros stands interessantes de que me lembro são os de filmes, como Star Wars, Underworld (onde tinhamos estátuas réplicas das personagens do filme, ou uma das motas protótipo do filme Ghost Rider). Havia um stand com peças de colecção como bustos do Hellboy, estátuas de personagens do Sr dos Anéis, etc.
Era preciso mais do que 4 dias, e muito menos visitantes por metro quadrado no recinto da exposição, para poder apreciar todos os stands como deve ser, com toda a variedade de coisas que tinham para mostrar. Desde demonstrações da PSP (playstation, não a policia), adereços de filmes, torneios de jogos de cartas estilo Magic, apresentações de filmes, jogos, novos comics, demonstrações, enfim, um sem número de coisas. Outra coisa engraçada é a quantidade de caras conhecidas com as quais te vais cruzando, e não estou a falar do pessoal mascarado. Seth Green (Buffy), os irmãos Shawn e Marlon Wayans (Scary Movie), foram disso exemplo. E, claro, autores de comics estão por todo o lado. Salvador Larroca, Geoff Johns, Robert Kirkman (que vendia os seus próprios comics e outros no stand da Image), Jimmy Palmiotti (o qual cumprimentei e me disse lembrar-se de quando esteve em Portugal, e do jantar da Tertulia BD - pode ter sido apenas simpatia, mas ficou bem ), etc.
Uma coisa reparei, no que diz respeito à maior parte dos autores. Há uma certa aura de nervosismo à volta de muitos deles, que pode levar a atitudes um bocado estranhas. Alguns estarão mais habituados que outros a terem fãs à sua volta, mas com aquela dimensão, acho dificil para um ser humano não ser afectado. Não sei, mas tenho a impressão que poucos deles serão "eles mesmos" nos dias de convenção. Daí que facilmente seria capaz de cometer o erro de achar mais simpáticos aqueles que conseguem controlar melhor o stress. Não sei se me faço entender....But anyway....

Artists Alley

Em ambos os extremos do Exhibit Hall, existia uma zona com espaço para cada um dos artistas, onde estes expunham e vendiam as suas obras. Nesta zona os skecthes já eram pagos, mas não eram apenas artistas de comics que lá se encontravam. Escultores, ilustradores, modelos,
actores, actrizes, todos tinham o seu espaço próprio. É nesta zona que podiamos encontrar nomes como Brent Anderson, Lee Bermejo, Tim Bradstreet, Gene Colan, Marv Wolfman, Joe Jusko, Adam Hughes, Sergio Aragonez, Neal Adams e muitos mais. Quem procura originais destes artistas, ou vê-los a trabalhar no momento, ou quem sabe quer o último DVD da bombástica modelo Dazza Del Rio , era aqui que devia ir (ver imagem; é da SDCC de 2003, mas está na mesma :) ). Neste local, alguns dos autores convidados pelos stands da Marvel, ou DC, também tinham o seu espaço, como por exemplo o J Scott Campbell e o Jim Lee.

Autógrafos

No segundo andar do pavilhão, existia uma zona enorme onde eram organizadas as filas de autógrafos. Este espaço era gerido não pelas editoras, mas pela própria organização da Comic-Con, que agendou sessões de autógrafos com os seus convidados. Era neste espaço que se podiam encontrar personalidades como Stan Lee, Marv Wolfman, J Michael Straczinski (do qual tive a sorte de conseguir que me assinasse o Midnight Nation #1), Ray Bradbury, e muitos outros escritores, artistas e actores. Da sétima arte tinhamos nomes como Eva Mendes (Ghost Rider), Kate Beckinsale (Underworld: Evolution), Bruce Campbell, vários actores do elenco de filmes e séries como Superman the Movie, Buffy, Babylon V, Star Trek, etc. Para alguns deles bastava entrar na fila, enquanto esta não fechava. Para outros havia uma espécie de sorteio, em que tinhas de ir para uma fila tirar um senha, e caso fosse premiada, podias voltar mais tarde e ir para a fila obter um autógrafo. Isto acontecia principalmente com os actores, e normalmente obtinha-se como prémio uma foto desse actor ou actriz autografada na hora, pelo próprio.

Compras

As compras....É preciso ter algum cuidado na SDCC para não gastar rios de dinheiro. Não só por se conseguir encontrar de tudo à venda, desde comics raros da golden age aos mais recentes títulos, ou merchandise de colecção que é posto à venda exclusivamente neste tipo de convenções, mas também porque os preços não são muito rigorosos. Para terem uma idéia, o All-Stars Batman #1 era vendido nalguns stands ao preço de capa, mas noutros, devido à grande procura por ter sido lançado durante a convenção, e pelo facto do Jim Lee estar presente na Comic-Con, vendiam-no por mais do dobro do preço. Um comic de 3 dólares vendido a 7,8,9....Mas isso não é nada. Uma Dark Phoenix de Heroclix, figura limitada que a Wizkids vendia a $30,00, chegava a custar $120,00 nos stands dos lojistas. Importa aqui dizer que apenas conseguia comprar esta figura quem tivesse estado de manhã na fila da Wizkids para obter uma senha numerada, e que tivesse a sorte de o seu número sair no sorteio. Salvo erro, eram sorteadas 1000 senhas por dia. É a lei da oferta e da procura a funcionar em pleno, sem qualquer tipo de controle.
E aqui, pesa também muito a habilidade de negociar ou regatear que cada um tem. Digamos que não é algo com o qual eu tenha ficado muito
satisfeito, no que diz respeito à SDCC, e aos esquemas das senhas premiadas. Algo de muito estranho se passa quando a tua senha calha 3 vezes consecutivas no meio de senhas premiadas, em dias diferentes. Há ali pessoal com grandes esquemas, if you ask me.

Anime

Nos auditorios do 2o andar, havia 3 salas que exibiam filmes de Anime durante todo o dia e à noite, principalmente séries novas, algumas que ainda não tinham sido lançadas no mercado americano. Era um bom local para descansar as pernas, depois de passar horas e horas a andar de um lado para o outro no Exhibit Hall. Mas de certeza que o objectivo da maior parte das pessoas não era esse, uma vez que a Anime tem um lugar de peso no publico jovem norte-americano. Basta entrar em qualquer loja de DVDs e ver o quão recheadas são as zonas de Anime.

Conferências

Também no andar dos auditórios era o local onde decorriam as conferências com os mais variados temas. Desde apresentações de futuros lançamentos das editoras de Comics a novos filmes a estrear no cinema, com a presença de produtores, realizadores e actores dos ditos filmes, passando por amenas conversas de destaque para este ou aquele artista, work-shops sobre cinema, comics, etc. Apenas assisti a uns quantos, como a apresentação da nova época de Lost, e o anuncio do lançamento do DVD da primeira série. Nesta conferência estiveram presentes os actores que interpretam duas personagens da série, Shannon e Sawyer, e os argumentistas e realizadores da série. Assisti também ao Cup of Joe, onde Joe Quesada apresentava alguns titulos que a Marvel ia lançar, com especial destaque para a actual saga House of M. Não foram apresentadas muitas novidades que digamos, e depois de ler algumas das noticias da Wizard World Chicago já percebi porque. Outro dia já enviarei para aqui algo relacionado com isso. Outra conferência a que assisti, foi a da Wildstorm, onde estiveram presentes J Scott Campbell,para apresentar o Wildsiderz, Brian K Vaughan e Tony Harris responderam a perguntas sobre Ex-Machina, e o presidente Jim Lee anunciou alguns
intercâmbios de personagens da Wildstorm com a DC. O Captain Atom vai aparecer no universo da Wildstorm.

Masquerade

Algo que se podia ver com fartura na Comic-Con, eram pessoas mascaradas de super-heróis, personagens de star wars, anime, etc. Havia fatos muito bem conseguidos, principalmente no sábado. Isto porque nesse dia houve o grande baile de máscaras, no pavilhão maior. Quem quiser saber mais sobre este evento, bem como tudo o resto que aconteceu na Comic-Con, pode visitar o site oficial do evento http://www.comic-con.org/cci

Uma coisa que é preciso entender, para não sair da Comic-Con frustrado, é que este evento oferece muita coisa, mas não vais conseguir chegar a tocar em tudo. Basta olhar para o calendário de eventos de qualquer um dos dias, e rapidamente percebemos que se queremos assistir ao painel/conferência da Marvel, apresentado pelo Joe Quesada, não vamos conseguir estar no outro anfiteatro onde está a haver uma conferência com o Brian K Vaughan, da série Y the Last Man. Ou que tens de sair antes do painel Superman Forever acabar, para chegar ao Wildstorm Presents na outra ponta do pavilhão. E no meio disto tudo, ainda é preciso encaixar bastante tempo para a caça ao sketch, o passeio pelos vários stands, e as compras. É preciso planear com antecedência aquilo que mais se deseja ver, pois é muito fácil perder-se no meio de tanta oferta.

É muito confuso. Está cheio de gente por todo o lado. É dificil (senão impossível) obter tudo o que se quer da Comic-Con. Mas não deixa de ser um evento magnifico que vale a pena visitar. Para um fã de comics como eu, qualquer convenção de Comics vale a pena. Mas esta tem mesmo uma dimensão incrivelmente grande. Tão grande, que por toda a cidade se vê cartazes nas lojas, restaurantes, hotéis, e outros locais públicos a dar as boas vindas aos visitantes da Comic-Con.

Não fiques assim, Batman. Para o ano, há mais.

August 5, 2005

De volta

Howdy!

Estou de volta! Já lá vai algum tempo, desde o meu último post aqui no blog. Peço desculpa a todos pelo silêncio, e obrigado pela paciência a todos os que de vez em quando têm vindo aqui ver se há novidades.

Tenho alguns posts planeados para colocar aqui nos próximos dias. Para já, aqui fica uma pista de por onde andei no mês passado, e sobre o que irei falar no próximo post.



Seeya soon!

June 30, 2005

Caído


Vem aí FELL, uma nova série mensal da Image.

FELL é a história de Richard Fell, um detective enviado para a esquadra de Snowtown, a pior zona da cidade, onde existem apenas 3 polícias e meio (um deles não tem pernas) para manter a ordem.


O comic será escrito por Warren Ellis, o reputadíssimo criador de TRANSMETROPOLITAN, AUTHORITY, PLANETARY e GLOBAL FREQUENCY. Os desenhos ficarão a cargo de Ben Templesmith, o artista de 30 DAYS OF NIGHT, SINGULARITY 7 e CAL MACDONALD: CRIMINAL MACABRE.

Particularidades da série: cada número irá conter uma história completa, estilo série televisiva; terá apenas 16 páginas de história (mas a cores e pintada no estilo habitual do Templesmith); terá adicionalmente algumas páginas com textos, sketches, talvez secção de cartas/mails e o que mais lá couber; o preço será a módica quantia de $1.99 (menos um dólar do que o valor mais habitual).


A arte do Templesmith na preview está bem boa e tenho confiança no Ellis para transformar o ponto de partida meio-cliché em algo fresco. Vamos a ver se pega - menos preço e menos páginas de história mas uma história completa mais sketches e textos (estilo bónus de DVD). Eu gosto da idéia e vou aderir.

June 27, 2005

Os 7 Soldados Magníficos


Um dos (inúmeros) eventos no mundo dos comics deste ano é 7 SOLDIERS OF VICTORY. Para quem não sabe, é uma semi-saga composta por várias mini-séries e dois one-shots de abertura e fecho da história. Diz o argumentista Grant Morrison (e têem confirmado os comentários online) que se pode comprar qualquer uma das mini-séries (dedicadas aos personagens Frankenstein, Shining Knight, Klarion the Witch Boy, Mister Miracle, Bulleteer, Zatanna e The Guardian) isoladas com a garantia de se estar a ler uma história com princípio, meio e fim.

Tinha decidido já há algum tempo aguentar-me e esperar pelo eventuais trade-paperbacks que irão surgir a compilar 7 SOLDIERS OF VICTORY. Esta sexta-feira, no entanto, num gesto impulsivo, comprei 7 SOLDIERS OF VICTORY #0, o pontapé de saída para tudo, que já está à venda há algum tempo...

Citando um conhecido anúncio televisivo, "Grande mega!".


7 SOLDIERS OF VICTORY #0 é parte western, parte ficção-científica, parte desconstrução de super-heróis e parte fantasia. Pega em 6 super-heróis classe Z e dá-lhes a aventura da vida deles. 6 novas versões de super-heróis que eu (e, provavelmente, o resto das pessoas) nunca tinha visto, mas com quem imediatamente simpatizei, por uma razão ou outra. A arte, de J.H. Williams III, é excelente - cheia de paineis imaginativos, texturas e pormenor. As cores fortes, de Dave Stewart, também merecem destaque, pois contribuem bastante para a força do resultado final.

Resumindo, 7 SOLDIERS OF VICTORY #0 é um comic cheio de energia e ideias. Depois de ler este número 0, não sei se conseguirei suportar a longa espera até ter toda a saga no formato trade-paperback.

June 23, 2005

Batman Begins ... or not!

Antes de mais nada, quero que saibam que sou, sempre fui e serei um grande fã do Batman, o Cavaleiro das Trevas. É sem dúvida a minha personagem preferida - e isso que sempre fui mais virado para a Marvel que para a DC - e estava convencido que este novo filme do Batman iria "limpar a cara" do herói na grande tela.

sadbat

Estou convencido que a critica vai adorar o filme, tendo em conta o excelente leque de actores, mas fui ver o filme na ante-estreia, ao Optimus Open Air, e a verdade é que quando o filme terminou fiquei muito desapontado. Este foi, tirando o circo do Batman & Robin, o filme onde o Batman me pareceu pior retratado e mais longe daquilo que a personagem é.

Tudo bem, voltaram a dar-lhe um aspecto mais sombrio, trazendo de volta a aura de medo que o Batman inspira nos criminosos, e que acaba por ser a sua maior arma na luta contra o crime. Mas ao mesmo tempo tiraram-lhe motivação, e acabam por desvirtuar na minha opinião a sua força interior, fazendo-o parecer um rebelde sem causa. E muitos detalhes da história da personagem, que fazem dele quem é, foram negligenciados, contrariados ou ignorados.

Em termos visuais, em determinadas cenas parece que em vez de termos o Batman no ecrã temos o Wolverine dos comics (repare-se nos contornos arredondados da máscara), em posições demasiado felinas. Nos primeiros planos da personagem, mais do que uma vez me parecia estar a olhar de frente para o Gene Simmons, no seu papel de Demon da banda Kiss.

No que diz respeito às origens do Batman...Pensava que iriamos ver um Bruce Wayne altamente empenhado e motivado em aprender com os melhores mestres do mundo técnicas de combate, psicologia criminal, ou mesmo noções de engenharia e mecânica que o permitissem desenvolver "those wonderful toys". Ao invés disso, o treino que o vemos ter surge quase como que por acaso, em algo que quase parecia um recrutamento para uma organização de ninjas. O melhor detective do mundo? Aqui não. E quanto aos gadgets...bem...todos lhe acabam por cair nas mãos, graças a Lucius Fox, naquilo que foi um desperdicio de um bom actor (Morgan Freeman). A sensação que deu foi que estava a ver um filme do 007, mas passado em Gotham City e com o James Bond vestido de homem morcego. Por falar em Gotham, perdeu-se a fantástica cidade gótica dos filmes anteriores de Batman. Aqui vemos uma metropole de arranha-ceus, mais apropriada a' Metropolis do Superman.

Jim Gordon, interpretado pelo brilhante Gary Oldman, foi mais uma decepção. Fisicamente está tal e qual, mas é talvez a personagem mais insipida e vazia do filme. Onde estão as dificuldades de relacionamento que marcaram os primeiros encontros de Batman com esta personagem, e que depois de superadas serviram para criar um elo entre policia e vigilante?

Katie Holmes aparece como o escape romantico do filme. Nada que eu não estivesse à espera, mas que mais uma vez acaba por dar uma machadada naquilo que deveria ser a motivação de inicio de carreira do Cavaleiro das Trevas.

E depois temos os vilões. Ra's Al Ghul foi estragado pela necessidade de tornar algo extremamente previsivel em surpreendente. Jonathan Crane fica aquem da personagem traumática dos comics, e acaba por ser um Scarecrow demasiado confiante, sem a dupla personalidade que o caracteriza também.

Michael Caine, Rutger Hauer, Liam Neeson...enfim, a lista de nomes sonantes realmente era grande, mas ao contrário de Sin City, onde cada actor conseguiu brilhar na personagem que representou, em Batman Begins os nomes servem o filme, e não o contrário.

June 20, 2005

A Cidade do Pecado

Porque o belo filme está nas salas de cinema e porque a perguiça não me permite escrever mais que isto, aqui fica uma crítica que fiz ao primeiro volume da versão portuguesa de SIN CITY, pela Devir.

"Feio, brigão e não muito inteligente, Marv não está habituado a que as mulheres lhe dêem atenção. Um dia sai-lhe a sorte grande, mas ao acordar da inesperada noite de paixão com Goldie, perfeita e de beleza angelical, encontra-a assassinada. Momentos depois, a policia bate-lhe à porta e, vendo-se apanhado numa armadilha, Marv inicia a busca do culpado da morte da mulher que o fez sentir-se especial. E nada, nem ninguém, se conseguirá opor-lhe.

Quero deixar já clara uma coisa: A CIDADE DO PECADO é uma obra-prima, genial e sem falhas. Inspirada nos policiais de Mickey Spillane, esta obra apresentou, no início dos anos 90, a cidade onde Frank Miller situaria depois outros contos. A CIDADE DO PECADO foi, na altura da sua publicação original, uma reviravolta artística de Miller. Inspirado, entre outras fontes, pela manga japonesa, e mantendo o dinamismo e habilidade narrativa que já lhe eram habituais, o autor norte-americano aproveitou-se do formato preto-e-branco para experimentar ou aprofundar diversas técnicas: utilização de vários painéis de página inteira; sequências "silenciosas" sem diálogo ou texto; monólogos internos do protagonista fora dos painéis; e muitos jogos de luz e sombras. Estas e outras técnicas foram utilizadas com uma eficácia tremenda, aumentando o dramatismo e impacto da narrativa, e ajudando na criação dos ambientes escuros e densos d'A CIDADE DO PECADO.

Com um personagem principal saido de um pulp (publicações baratas, especializadas em policiais e aventura), A CIDADE DO PECADO utiliza vários clichés do género: um inocente incriminado de um crime que não cometeu; uma femme fatale que seduz o protagonista; e corrupção das forças de autoridade. Frank Miller no entanto não se prende demasiado a essas fórmulas, e constroi um mundo próprio que posteriormente foi desenvolvendo noutras obras. Argumentista capaz de escrever momentos intensos com grande facilidade, Miller incute a esta história relativamente simples uma força invulgar. Onde outros escritores produziriam um argumento básico, digno de um qualquer filme do Van Damme, Miller vai bem fundo, e consegue agarrar o leitor pelos colarinhos. Sente-se a raiva e frustração de Marv, a tensão da narrativa e a violência das acções.

A CIDADE DO PECADO é, repito, um obra-prima. Brutal, intensa, suada e fascinante. Que finalmente o público português tenha oportunidade de a conhecer é motivo de festejo. Espero que a Devir tenha sucesso com a sua publicação, de modo a que outras excelentes histórias passados n'A CIDADE DO PECADO possam vez a luz no nosso panorama editorial.
"

(escrito originalmente em Julho de 2003)

Para acabar, duas notas... Primeiro, a Devir tem realmente publicado mais volumes de SIN CITY, que valem bem a pena. Segundo, os últimos volumes de SIN CITY, ainda não publicados em Portugal, são infelizmente de uma qualidade gráfica inferior. O Miller nos últimos anos tem modificado a sua técnica e os resultados não são os melhores. O traço é, parece-me, mais espontâneo, mas tem o infeliz efeito dar às páginas um aspecto desleixado....

May 30, 2005

Forty-Niners está pronto!

49ersCov02

Depois de 2 anos, finalmente a aguardada prequela de Top Ten está pronta. Recebi a noticia hoje de manhã, e tinha de partilhá-la convosco. Podem ler mais acerca desta história no site do autor Gene Ha, responsável pela arte, e que também assume a responsabilidade pelo atraso uma vez que segundo ele, Alan Moore entregou o argumento completo há um ano atrás. :)

Top Ten foi um dos titulos de maior sucesso da imprint ABC (America's Best Comics) do argumentista Alan Moore. Trata-se da história de uma esquadra de polícia composta por super-heróis, numa cidade em que toda a gente tem super-poderes. Se querem saber mais...googlem.

A Hardcover de 49ers sai à venda no dia 13 de Julho.

A imagem abaixo era a capa inicial, mas o editor quis algo mais chamativo (ver imagem acima).
Vão no entanto manter esta como capa interior.

49ersCov01

E, para terminar, aqui ficam mais umas capas alternativas.
À esquerda, uma que não foi aprovada pela DC. À direita, com a Synaesthesia na zona norte de Pike Street.

ShowLetter

Seeya!

April 23, 2005

DC's Countdown to Infinite Crisis

countdown

Já lá vai algum tempo desde o último post... O tempo tem sido curto, mas as leituras continuam tão activas como sempre. De comics, claro. E alguns de muita qualidade, como aquele que quero destacar hoje.

Trata-se do one-shot Countdown to Infinite Crisis, que chegou há pouco tempo ao nosso país, mas que já tem sido alvo de muitos comentários, críticas e conversas desde que a DC publicitou as primeiras imagens da capa, desenhada por Jim Lee.

A morte de uma personagem é sempre algo que levanta muita polémica. O shock value é incontornável, e no mundo dos comics já tem sido mal usado em mais do que uma ocasião. Principalmente por todos sabermos que, mais cedo ou mais tarde, essa personagem acaba por voltar à vida. Ou então não. Existem casos de personagens que permaneceram mortas, mas talvez os regressos se salientem mais, por de algum modo nos decepcionarem e fazer encarar de modo mais céptico as histórias em que vemos estes heróis fazerem o "sacrificio final".

DC Countdown é um trabalho conjunto de vários argumentistas e artistas. E que trabalho.
Geoff Johns (Teen Titans,JSA), Greg Rucka (Adventures of Superman,WonderWoman) e Judd Winick (Batman, Outsiders) são os responsáveis por 80 páginas de história envolvente, em que nos vemos rapidamente no lugar da personagem principal. Mistério, teorias de conspiração, suspense, acção, há de tudo nesta história e, claro, a morte de um herói. Mesmo já sabendo de antemão quem morria - há sempre gente que gosta de estragar o prazer dos outros - gostei muito desta história. Acredito que teria ficado ainda mais impressionado se não tivesse esse conhecimento prévio.

A arte como já disse está entregue a vários artistas - Rags Morales (Identity Crisis), Ed Benes (Birds of Prey), Ivan Reis (Action Comics) e Phil Jimenez (Wonder Woman, New X-Men). Cada artista desenha um capitulo desta história, mas apesar de se reconhecer o traço de cada um deles nas partes que desenham, não há grandes "saltos" de estilo, tornando a história bastante homogénea, em termos visuais. Talvez isto se deva também ao excelente trabalho dos arte-finalistas. Algo que me irrita em histórias com mais de um desenhista, é que normalmente acabam por parecer uma manta de retalhos, um exercício de colagens que faz a história perder a sua identidade. Isso é algo que não acontece com este one-shot.

Ao contrário de outras histórias que culminam com a morte do herói, esta representa apenas o principio de uma história que irá decorrer nos próximos meses no universo DC. É o germinar de uma série de histórias que irão desaguar ao evento do ano, a Infinite Crisis. Não queria usar o termo sequela dado o sentido perjorativo da coisa, mas acho que é a palavra mais adequada para descrever esta saga, quando comparada com a lendária Crisis on Infinite Earths.

Antes de Infinite Crisis, e como continuação dos eventos de Countdown, teremos as seguintes mini-séries de 6 numeros :

omac
The OMAC Project - Escrito por Greg Rucka, com arte de Jesus Saiz. Um satélite espião controla os movimentos de todos os heróis e vilões do universo DC. Quais os planos da organização que controla este satélite ?

rann
The Rann / Thanagar War - Escrito por Dave Gibbons, com arte de Ivan Reis. Trata-se do lado mais cósmico do universo DC. Nada como uma guerra intergaláctica para agitar os cantos cosmicos da DC.

villains
Villains United - Escrito por Gail Simone, com arte de Dale Eaglesham. Os vilões da DC estão cada vez mais organizados. Depois dos Rogues (do Flash), temos agora os Villains United, onde a figura que mais se destaca é o Deathstroke.

vengeance
Day of Vengeance - Escrito por Bill Willingham, com arte de Justiniano. A magia é uma parte integrante do universo DC. Basta lembrarmo-nos de personagens como o Captain Marvel, por exemplo. Esta mini-série dar seguimento aos acontecimentos mágicos despoletados em Countdown.

March 11, 2005

O ritual do cada vez menos habitual

Acompanhem-me numa pequena divagação...

Ultimamente, fala-se muito de como o hábito de seguir mensalmente uma série está a ser substituído, quando possível, por comprar as compilações periódicas que as editoras publicam. Sou um dos partidários desse formato, o chamado trade-paperback, e acho que as vantagens são claras: é mais prático de guardar, manusear, emprestar, não tem anúncios, fica bem na estante e resiste melhor à passagem do tempo.

De vez em quando, no entanto, ponho-me a ler séries mais antigas que comprei em formato "panfleto", quando os trade-paperbacks não eram habituais. Nas últimas semanas, por exemplo, peguei em SHADE THE CHANGING MAN, que começou em 1990 e durou setenta números. Sei que seria muito mais prático ler toda a série se tivesse um conjunto de trade-paperbacks que a compilassem, em vez dos setenta comics individuais que tenho guardados num caixote, em cima de uma estante. A verdade, no entanto, é que, para além dos méritos da história e arte, tem-me dado um prazer invulgar o próprio acto da releitura de SHADE THE CHANGING MAN.

Primeiro, cada comic é como que uma pequena viagem no tempo, cheio de pequenos pormenores a apreciar: há a secção de cartas dos leitores (desaparecida entretanto), os anúncios (cartazes de filmes já esquecidos, capas de albuns de grupos nunca mais escutados, jogos de consolas completamente desactualizados, etc), os editoriais e até a textura e cheiro do papel mais antigo. Depois, não sei bem explicar porquê, sinto que há algo de zen em ter de abrir o caixote onde se encontram os comics, tirar uns tantos cá para fora, lê-los um a um e, quando acabo, voltar ao caixote, guardar os lidos e tirar os seguintes.



Isto de reler séries antigas de comics que se tem em formato "panfleto" faz-me lembrar o acto de escutar música utilizando um disco de vinil e um gira-discos - são dois rituais para os quais é necessário alguma disposição e disponibilidade. Admito que não teria paciência para fazer isto sempre que quero ler qualquer comic, mas sinto que é algo que pode servir para tornar ainda maior o prazer de leitura. Que, às vezes, é tudo o que importa...

March 3, 2005

Young Avengers # 1

youngavengers1

Depois dos acontecimentos de Avengers Disassembled, um grupo de adolescentes super-heróis claramente inspirado nos Avengers originais tem vindo a aparecer nas noticias. Mas quem são estes jovens e que direito têm eles de se chamarem Young Avengers ?

Esta nova série marca a estreia de mais um argumentista que a Marvel foi buscar a outro tipo de Media. Desta vez trata-se de Allan Heinberg, argumentista de séries de TV como Sex and the City, Party of Five, e The O.C..

Engana-se quem possa pensar que esta série é a resposta da Marvel aos Teen Titans da DC. A principal diferença é que na DC, é normal os super-heróis terem sidekicks, e os Teen Titans originais foram formados simplesmente reunindo os jovens aliados desses heróis. Na Marvel, o conceito de sidekick não é comum, e colocando-nos no universo marvel em si, podemos perceber que a morte de Bucky, o sidekick do Captain America na altura da Segunda Guerra Mundial, é algo que desencorajou outros heróis a fazerem-se acompanhar por adolescentes na linha da
frente.

O complexo de Bucky, chamemos-lhe assim, é algo que parece querer ser retratado nesta nova série, que promete chocar e surpreender. A escrita de Heinberg é bastante dinamica, os diálogos são vivos e interessantes. No primeiro número, começamos a conhecer um pouco estes novos heróis, e inevitavelmente começamos a desenvolver teorias de quem serão. Eu tenho já uma para o Patriot, a personagem que faz lembrar o Captain America, mas não vou revelar nada para não estragar.

A arte está a cargo de Jim Cheung, alguém habituado a desenhar jovens. Os seus trabalhos mais conhecidos até ao momento são X-Force, para a Marvel, e Scion, para a Crossgen. O ambiente de Young Guns pareceu-me mais sombrio que o de X-Force, mas talvez isso se deva aos arte-finalistas e coloração do titulo. O estilo de Cheung é um estilo leve, com algumas influências orientais mais no que diz respeito aos rostos, pormenorizado qb em ambientes (sem exageros) e com bom storytelling.

Devo confessar que não estava a pensar acompanhar esta série, mas o primeiro número deixou-me com o mesmo nivel de satisfação, curiosidade e surpresa com que fiquei quando li o primeiro Thunderbolts, há uns anos atrás. Ou seja, nunca mais chega o #2 ?