January 10, 2006

Momentos 2005 (DC/Wildstorm)

É dificil tentar recordar o material publicado pela DC em 2005 sem cair na INFINITE CRISIS, o mega-evento que está neste momento a decorrer nos titulos DC e cujos preparativos decorreram ao longo de todo o ano de 2005. A história de Infinite Crisis começou um pouco por todo o lado, mas podemos considerar o one-shot especial Countdown To Infinite Crisis como o marco inicial de toda a história. Nesse comic, que conta com a colaboração de vários artistas e argumentistas de peso da DC, são lançadas as sementes das 4 mini-séries que antecedem Infinite Crisis. Mas Countdown to Infinite Crisis é mais do que um mero comic de preview. É uma história dramática, de suspense, em que Blue Beetle, uma personagem algo menosprezada da DC, atinge a categoria de lenda, momentos antes de encontrar o seu fim.

As séries que se seguiram conduziram o universo DC até ao tal momento do Infinite Crisis.

Days of Vengeance encarregou-se do lado mágico desse universo, através da perseguição cerrada a todas as personagens mágicas por parte do Spectre. Um grupo de mágicos de segunda categoria conseguiu fazer-lhe frente, mas mais personagens morreram.

Villains United viu os vilões da DC organizarem-se numa sociedade, de modo a enfrentarem obstáculos comuns. Um obstáculo inesperado foi o facto de nem todos os vilões quererem integrar essa sociedade, o que provocou confrontos entre vilões.

The Rann/Thanagar War tomou conta da parte cósmica da DC. Green Lanterns vários, Adam Strange, Hawkman, Hawkgirl, os Omega Men, etc, viram-se envolvidos numa batalha entre planetas, orquestrada por uma entidade maléfica do nível de tipos como o Darkseid e Thanos. Vale a pena ler a mini-série que antecedeu esta guerra, e que já existe em trade paperback (Adam Strange: Planet Heist, com arte excepcional de Pascal Ferry).

The Omac Project, por fim, foi aquela que de algum modo continuou mais a história principal de Countdown que ocasionou a morte do Blue Beetle. O grupo Checkmate apoderou-se do super-satélite Brother Eye, criado pelo Batman, para espionar todos os super-humanos. Munidos de informação critica, e com um exercito de Omacs sentientes em humanos normais, a organização Checkmate promoveu o caos pelas mãos do seu rei negro, Maxwell Lord. Esta história acabou por ter consequências noutros titulos DC, nomeadamente nas 3 personagens mais conhecidas desta editora : Superman, Batman e Wonder Woman. Depois de alguns eventos despoletados por esta história, a relação entre estes três nunca mais será a mesma.

Em 2005 a DC decidiu realçar os pés de barro dos seus heróis.
A desconfiança que o Batman tem dos outros heróis foi levada ao extremo, depois dos eventos de Identity Crisis, em que se descobriu que alguns membros da JLA limparam recordações da mente de supervilões e do próprio Batman, sacrificando códigos de honra em prol da segurança dos seus entes queridos. O Omac Project mostrou como a paranóia do Batman pode afectar a segurança e paz mundial.
O Superman foi-se sentindo cada vez mais alienigena em relação ao planeta que o adoptou. A Wonder Woman viu-se forçada a escolher entre os valores morais que a sua posição na JLA e de embaixadora da ONU lhe obrigam, e os seus ensinamentos de amazona guerreira que lhe permitem aceitar que matar pode ser uma solução. Com tudo isto, o núcleo central da JLA foi afectado e o fim do super-grupo está iminente.

Mas nem tudo foi tristeza, no universo DC. 2005 foi também o ano em que regressaram alguns heróis que tinham sido colhidos pela fria foice da morte. Temos o caso de Hal Jordan, o Green Lantern mais famoso de todos, que regressou em grande estilo graças a Geoff Johns e Carlos Pacheco. Os 3 primeiros numeros do novo titulo Green Lantern são de uma força tremenda. Geoff Johns percebeu bem que mais do que o anel, o que move esta personagem e faz dela um
grande herói é a força de vontade.

Quem regressou também foi a Donna Troy, numa mini-série de antecipação ao grande evento cósmico Infinite Crisis, cujo titulo é precisamente The Return of Donna Troy. O papel dela nesse evento parece similar ao da Harbinger, a assistente do Monitor de Crisis on Infinite Earths, a clássica história dos anos oitenta de Marv Wolfman e George Perez. Depois de ter morrido a combater um robot do Superman na mini-série Graduation Day que deu origem aos titulos Outsiders e Teen Titans actuais, eis que a Donna surge aqui como uma semi-deusa, responsável por reunir heróis para a batalha de Infinite Crisis. Bons desenhos de Phil Jimenez, mas uma história algo confusa.

Quem também regressou do mundo dos mortos, mas com menos espectacularidade, foi Jason Todd, o segundo Robin, que tinha sido morto pelo Joker há vários anos atrás. Surge como o novo vilão Red Hood, nos titulos do Batman, dos quais me tenho mantido afastado por achar muito dispersos e com pouca qualidade. É curioso que Bucky Barnes (sidekick do Captain America) e Jason Todd (sidekick do Batman) tenham regressado no mesmo ano, como vilões.

Em 2005 os titulos do morcego tornaram-se ainda mais dispersos e confusos de acompanhar. Em Detective Comics, correu uma história em 12 partes escrita por David Lapham, o autor de Stray Bullets. Supostamente esta história passou-se antes do bat-crossover do ano anterior, War Games, mas foi interrompida a meio para duas partes de um novo crossover com o titulo Batman, sequela de War Games. Em Gotham Knights usou-se e abusou-se da personagem Hush. Em Legends of the Dark Knights sucederam-se mais histórias sem ligação às demais, com a diferença de que enquanto no passado este titulo era um meio de artistas de nome contarem histórias passadas do homem morcego, agora o titulo encontra-se na cronologia actual. Em Batman, Winnick e Mahnke voltam a por o titulo nos niveis de venda que tinha antes da run de Jeph Loeb e Jim Lee, ou seja, baixos.

Mas a noticia Batman de 2005 foi sem duvida o lançamento do titulo All Star Batman and Robin, the Boy Wonder, que juntou duas super estrelas dos comics : Frank Miller e Jim Lee. Infelizmente, desde que estreou em Julho, ainda só conseguimos ver dois números deste titulo. Mas já deu pra ver que Miller quer levar ao extremo os aspectos mais polémicos da personagem do Batman, começando, porque não, na sua relação com o adolescente Robin. O material ainda é muito pouco para ter uma idéia pessoal mais formada sobre se gosto da história ou não, e da
versão mais bruta e lunática que Miller traz a este Batman.



Não posso terminar este esforço de memória sem dizer qualquer coisa do trabalho de Grant Morrison na DC. No ano passado começou o Seven Soldiers de Morrison. O argumentista tratou de desenterrar algumas personagens secundárias da DC como o Guardian, Zatanna, entre outras. Supostamente esta história iria ser contada em várias mini-séries que, de algum modo, iriam estar relacionadas e iriam ter um grande significado para o universo DC. Penso que talvez a Infinite Crisis tenha ofuscado este evento, mas quem sabe não vamos voltar a ouvir falar mais
dele no futuro.

Por ultimo, mais umas palavras para dizer que em 2005 assistimos ao regresso de artistas que estavam algo afastados das pranchas. J Scott Campbell voltou para desenhar uma equipa de adolescentes - os Wildsiderz, e Joe Benitez apresenta uma história de misticismo guerreiro com muitos monstros à solta em Wraithborn. Quando falo de Campbell não consigo evitar lembrar-me dos seus colegas artistas da imprint Cliffhanger, mesmo caindo um pouco fora do universo DC/Wildstorm. Humberto Ramos está em grande forma na Dark Horse com Revelations, uma história de crime passada no Vaticano escrita por Paul Jenkins, o seu colega de outras guerras aracnideas. Quanto a Joe Madureira foi anunciado no ano passado como o futuro artista da terceira série de Ultimates, onde irá colaborar com Jeph Loeb.

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