January 11, 2006

Decimation

O que aconteceria se 90% da população mutante perdesse o factor X, passando a ser homo sapiens normais ? Boa idéia para uma série de titulos What If, correcto ? Errado. Neste momento, no universo Marvel normal, foi precisamente isso que aconteceu. A história House of M acabou de modo apocaliptico, com a Scarlet Witch a trazer de volta a realidade normal, mas com um senão preso às suas últimas palavras : "No more mutants".

A idéia era eliminar de vez o factor X, mas o máximo que conseguiu foi reduzir uma população de milhões de mutantes para a módica quantia de 198. É isso mesmo. De todos os mutantes que existiam antes, apenas 198 permanecem com os seus genes inalterados. O dia em que tudo mudou ficou conhecido como o M-Day.

Algumas das baixas são personagens conhecidas (Quicksilver, Polaris, Iceman, Jubilee, Chamber, Blob,...). Outras são apenas figurantes, mas cuja perca de poder tem resultado em momentos dramáticos como é o caso de antigos mutantes subaquáticos que de repente perderam a capacidade de respirar debaixo de água, ou voadores que perderam subitamente o poder de voar.

Se para muitos a perca daquilo que os tornava mutantes é recebido com agrado, para outros é como se de repente lhes tivessem cortado um membro. Imaginem o que seria viver a vida em câmara lenta, para aqueles que perderam supervelocidade. Ou a surdez que representa para um telepata perder a capacidade de ler pensamentos. Estes e outros exemplos podemos ler nos vários titulos X que a Marvel publica. E, ao contrário de outros tempos e histórias, até as mini-séries são importantes e contêm histórias que valem mesmo a pena ler.

Aqui ficam alguns exemplos de coisas que li e gostei.

X-Factor #1
Argumento : Peter David
Desenhos : Ryan Sook

Depois da mini-série Madrox, Peter David continua a desenvolver a personagem Jamie Madrox, o Multiple Man, inovando no modo como este usa o seu poder de criar réplicas de si próprio. Existem muitos mais aspectos a ser explorados nesta personagem que a simples criação de exércitos de réplicas, e David consegue fazê-lo de um modo natural e com as pitadas de humor a que nos habituou em tudo o que escreve. Nesta nova série, que começa logo com as consequências que Decimation está a gerar na comunidade mutante, Madrox expandiu a sua agência de detectives contratando mais uns quantos amigos. Syrin e M juntam-se a Guido e Wolvsbane, e no primeiro número tentam recrutar Rictor, que foi uma das vitimas do M-Day. O mote de X-Factor é "X-Pect the Un-Xpected", e o primeiro número cumpre com esse objectivo a 100%.

Generation M #1
Argumento: Paul Jenkins
Desenhos: Ramon Bachs

Sally Floyd é uma jornalista que tinha uma coluna de artigos sobre mutantes. Depois do M-Day, Sally passou a escrever sobre os ex-mutantes, e o modo como estes foram afectados por este evento. Os media não se cansam de Sally, e essa notoriedade faz com que um serial killer lhe enviasse fotos de ex-mutantes assassinados, com uma pequena nota "Not enough have died". Nesta mini-série de 5 números, vamos poder ver pelos olhos de Sally como foram afectadas personagens como o Chamber, o Blob, a Jubilee e outros mutantes mais desconhecidos que perderam os seus poderes. Mas o fio condutor da história, e responsável por bons momentos de suspense, será o acompanhar das investigações dos crimes dos ex-mutantes. Quem será o serial killer, e até que ponto corre Sally perigo? O tom desta mini-série é muito similar ao titulo The Pulse, de Brian Michael Bendis, mas com uma narrativa mais próxima de séries e filmes policiais, estilo o Seven. Li algures que Jenkins e Bachs serão a próxima equipa criativa desse titulo, com a substituição de Jessica Jones por esta nova personagem. Se assim for, vou de certeza voltar a ler Pulse.


Son of M #1
Argumento: David Hine
Desenhos: Roy Allan Martinez

Um dia na vida de Pietro Maximoff, homo-sapiens. Nesta mini-série o destaque vai para a personagem do Quicksilver, o causador de House of M e consequentemente do estado da nação mutante depois do M-Day. Ele próprio é uma das vitimas, e nas mãos do escritor David Hine irá tocar no fundo, antes de se reerguer... Se alguma vez o chegar a fazer. Hine consegue captar bem o lado humano dos mutantes e as implicações dos seus poderes, como o provou em District X. Em Son of M irá concerteza fazer um trabalho tão bom como nesse titulo.

Decimation irá continuar pelos restantes titulos de mutantes, como X-Men, Wolverine, New X-Men, etc. Grandes alterações e conflitos vêm por aí, e depois destes aperitivos mal posso esperar para pôr os olhos na mini-série X-Men: The 198.

2 comments:

El Felino said...

Guido wil rule the world!

Passaporte said...

Não acompanhei o trabalho de Ryan Sook no Spectre, mas relativamente a X-Factor aquilo que posso dizer é que a minha razão para o continuar a ler é o argumento. Não sou grande adepto deste tipo de arte, mas a história vale a pena. Cada um tem os seus gostos.

Quanto à Scarlet Witch não ter conseguido acabar com o gene mutante a 100%, quem sabe ainda se venha a descobrir o porque. Em termos de historia, e não em termos de politica editorial. Eu gosto de separar as coisas, e não condenar à partida uma idéia por esta ter beneficios ou prejuizos em termos de vendas. Estou-me nas tintas para isso, desde que a história tenha a sua lógica. E neste caso, o facto de os poderes da Wanda estarem ligados a algo tão inconstante como caos e probabilidades, faz com que não me pareça descabido que umas vezes acerte em cheio, outras passe um pouco ao lado. Se formos a ver bem, mesmo a parte de criar um mundo/realidade/whatever novo não esteve isenta de falhas. Prova disso é o grupo de personagens que, com a ajuda da pequena Layla, conseguiram "despertar do sonho".
Não concordo com a análise de que nenhuma personagem principal tenha ficado sem poderes. Polaris, Iceman (se bem que este não perdeu mesmo), Jubilee, Rictor, Chamber, Moonstar, Blob, Quicksilver e outros que se venha a descobrir, parecem-me uma amostra distribuida o suficiente de modo a afectar uma boa parte das x-equipas. Ok, não foi o Wolverine. So what? O facto de com isto ele ter recuperado a memória de quem é já é suficiente para originar (pun intended) algumas boas histórias.

Mas essa é a minha opinião, claro. Feel free to be bitter.