Antes de mais nada, quero que saibam que sou, sempre fui e serei um grande fã do Batman, o Cavaleiro das Trevas. É sem dúvida a minha personagem preferida - e isso que sempre fui mais virado para a Marvel que para a DC - e estava convencido que este novo filme do Batman iria "limpar a cara" do herói na grande tela.
Estou convencido que a critica vai adorar o filme, tendo em conta o excelente leque de actores, mas fui ver o filme na ante-estreia, ao Optimus Open Air, e a verdade é que quando o filme terminou fiquei muito desapontado. Este foi, tirando o circo do Batman & Robin, o filme onde o Batman me pareceu pior retratado e mais longe daquilo que a personagem é.
Tudo bem, voltaram a dar-lhe um aspecto mais sombrio, trazendo de volta a aura de medo que o Batman inspira nos criminosos, e que acaba por ser a sua maior arma na luta contra o crime. Mas ao mesmo tempo tiraram-lhe motivação, e acabam por desvirtuar na minha opinião a sua força interior, fazendo-o parecer um rebelde sem causa. E muitos detalhes da história da personagem, que fazem dele quem é, foram negligenciados, contrariados ou ignorados.
Em termos visuais, em determinadas cenas parece que em vez de termos o Batman no ecrã temos o Wolverine dos comics (repare-se nos contornos arredondados da máscara), em posições demasiado felinas. Nos primeiros planos da personagem, mais do que uma vez me parecia estar a olhar de frente para o Gene Simmons, no seu papel de Demon da banda Kiss.
No que diz respeito às origens do Batman...Pensava que iriamos ver um Bruce Wayne altamente empenhado e motivado em aprender com os melhores mestres do mundo técnicas de combate, psicologia criminal, ou mesmo noções de engenharia e mecânica que o permitissem desenvolver "those wonderful toys". Ao invés disso, o treino que o vemos ter surge quase como que por acaso, em algo que quase parecia um recrutamento para uma organização de ninjas. O melhor detective do mundo? Aqui não. E quanto aos gadgets...bem...todos lhe acabam por cair nas mãos, graças a Lucius Fox, naquilo que foi um desperdicio de um bom actor (Morgan Freeman). A sensação que deu foi que estava a ver um filme do 007, mas passado em Gotham City e com o James Bond vestido de homem morcego. Por falar em Gotham, perdeu-se a fantástica cidade gótica dos filmes anteriores de Batman. Aqui vemos uma metropole de arranha-ceus, mais apropriada a' Metropolis do Superman.
Jim Gordon, interpretado pelo brilhante Gary Oldman, foi mais uma decepção. Fisicamente está tal e qual, mas é talvez a personagem mais insipida e vazia do filme. Onde estão as dificuldades de relacionamento que marcaram os primeiros encontros de Batman com esta personagem, e que depois de superadas serviram para criar um elo entre policia e vigilante?
Katie Holmes aparece como o escape romantico do filme. Nada que eu não estivesse à espera, mas que mais uma vez acaba por dar uma machadada naquilo que deveria ser a motivação de inicio de carreira do Cavaleiro das Trevas.
E depois temos os vilões. Ra's Al Ghul foi estragado pela necessidade de tornar algo extremamente previsivel em surpreendente. Jonathan Crane fica aquem da personagem traumática dos comics, e acaba por ser um Scarecrow demasiado confiante, sem a dupla personalidade que o caracteriza também.
Michael Caine, Rutger Hauer, Liam Neeson...enfim, a lista de nomes sonantes realmente era grande, mas ao contrário de Sin City, onde cada actor conseguiu brilhar na personagem que representou, em Batman Begins os nomes servem o filme, e não o contrário.