November 22, 2005

Miguel Montenegro desenha The Intimidators - Corrigido

-- Nota Correctiva: Recentemente soube que devido a divergências com a editora, Miguel Montenegro não vai continuar a ser o artista da série The Intimidators. É pena, mas apenas os dois primeiros números serão desenhados por ele. No site da CentralComics podem ler uma entrevista com o autor onde ele expõe as suas razões.

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Hoje apeteceu-me dar destaque a uma série da Image, que vai sair nos Estados Unidos em Dezembro. A principal razão pela qual acho que merece destaque, é o facto de o artista da série se tratar de um autor português: Miguel Montenegro.

Eu não sou apologista da cultura protecionista que defende que o que é nacional é bom, pelo que não me vão ver a seguir cegamente um artista apenas pelo facto de este ser português. No caso desta série, para além de ter gostado dos previews e das capas que vi na net (principalmente a do número #3, que podem ver acima), gostei também da idéia de Jim Valentino para este título. É claro que, como português amante de comics americanos, é com algum orgulho que vejo um artista do meu país ser publicado nos Estados Unidos.

Basicamente, podemos distinguir dois grandes grupos de tipos de super-heróis. Temos aqueles super-heróis mais clássicos, com valores morais bem grandes, considerados exemplos a seguir - como por exemplo o Superman, ou o Captain America - e temos outro tipo de super-heróis mais modernos, os heróis do novo milénio, com pés de barro, que muitas vezes justificam os meios violentos que usam com os fins que pretendem alcançar. Podemos encontrar este tipo de heróis em titulos como The Authority e Ultimates.

Em The Intimidators, vamos poder ver o que acontece quando um super-herói dito clássico - Astroman - se vê envolvido num grupo de super-heróis estilo Authority. Os Intimidators são um super-grupo semi-patrocinado pelo governo para resolver problemas relacionados com o terrorismo global. O choque é inevitável, e deve gerar situações bem engraçadas de ler.

Criado por Jim Valentino (Shadowhawk), The Intimidators é um título da Image escrito por Neil Kleid (Ninety Candles) em colaboração com o próprio Valentino, e desenhado por Miguel Montenegro. O primeiro número sai em Dezembro, pelo que deve chegar às lojas de cá no inicio do ano que vem.

November 18, 2005

Adeus a Gotham Central


Foi com muita pena que vi na lista de titulos DC a sair em Fevereiro do ano que vem, que a série Gotham Central iria acabar no número 40. Não é o único titulo que irá chegar ao fim em Fevereiro, mas acho que vai ser aquele que mais saudades vai deixar. Isto porque era um titulo diferente dos habituais, e para o qual não estou neste momento a ver que exista um substituto.

Tratava-se de um titulo sobre os detectives do departamento de polícia de Gotham City. Apesar de as histórias se passarem na cidade do Batman, e tanto essa personagem como a sua galeria de vilões ter influência nos vários arcos que decorreram ao longo da série, o destaque era dado aos homens e mulheres da polícia de Gotham, e o modo como estes eram afectados (fisica e psicologicamente) pela existência dos "freaks" de Gotham, termo que eles usavam para descrever não só os bat-vilões mas também o próprio homem-morcego e os seus aliados.
Muito semelhante a séries como Hill Street Blues e NYPD Blues, mês após mês os leitores iam conhecendo melhor as personagens da série, os seus valores e ambições, as suas bravuras e fragilidades, a sua nobreza e os seus podres.

Os criadores desta excelente série foram Greg Rucka e Ed Brubaker, argumentistas excepcionais para este tipo de histórias, que contaram com a arte também muito adequada de Michael Lark. Adequada parece uma palavra muito fraca para descrever o tom urbano, sombrio e realista que Lark deu a esta série, e que se tornou uma caracteristica da mesma. Tanto que se pode dizer que o principio do fim da série deu-se quando Michael Lark deixou de desenhar a mesma. Isto apesar de os artistas que se seguiram (Stephano e Kano) manterem o mesmo tipo de traço na série.

Apesar de ser um titulo que comercialmente rendia pouco, ao que parece o fim da série não foi consequência disso uma vez que os editores da DC comprometeram-se com os criadores a não deixar que as vendas definissem o destino da série. Segundo o próprio Greg Rucka, a decisão de dar um fim à série foi dele, depois de Lark e Brubaker sairem e assinarem acordos de exclusividade com a Marvel. Tal como disse à Newsarama :

I told DC that I wanted to end it,” Rucka said. “It’s delicate and I don’t want to cast anyone in a bad light or have anything I say be misinterpreted as something its not – I think Stephano and Kano have been doing terrific work, but this series started back with issue #1 as something by Ed Brubaker, Michael Lark and myself. For a very long time, we had talked about how this was ‘our thing.’ It was the three of us working together, and we wanted it to remain as such."

“Dan DiDio said to me very early on that he was not going to cancel this book, and cancellation was something that Ed, Michael and I didn’t have to worry about,” Rucka related. “He said that he felt it was an important book for comics, as well as an important book for DC. Our numbers never really soared, and frankly, if DC had wanted to, they could’ve cancelled it due to numbers many times during its run. They didn’t, and we’ll always be grateful to DC for that.“It’s weird, because there is a piece of me that would like to keep going, but there’s a larger piece of me that just didn’t feel it was right to keep it moving when it was the child of three fathers, so to speak, and I was the only one left raising it. We’d started it together, and had said we were all in it together, and when we’re not all there, it’s still Gotham Central, and it’s still a very good book, but it’s just not the same. I think for everyone involved, it was time to put it down, and time to let it go out with some dignity instead of trying to string it along, because don’t know how long I could’ve kept things going without them and still have it be what it was designed to be. Likewise, passing it on to another writer just wouldn’t feel right, for the same reasons.“

“It’s a sorrowful thing. I’m sad to see them go,” Rucka said. “Again, it’s not a rare thing that a book ends, but again, Gotham Central was a unique thing. This kind of book hadn’t been seen before, and I think that was part of the reason why we had such trouble getting and keeping an audience. People didn’t know what to make of it – it had Gotham in the title, but Batman was barely in it. I think that confused certain readers. The audience that we did find though was fiercely loyal to the series, and very passionate about it. I can’t thank them enough – I really can’t. They were there, month in, month out, telling their friends about it, pushing copies on people who didn’t read it. At every show I do, there’s always someone who comes up and says that of everything I write, Gotham Central is by far their favorite. They also say please never let it end…”


Na minha opinião, esta série teria beneficiado muito (a nivel de vendas) se os Trade Paperbacks tivessem sido publicados mais depressa. A verdade é que apesar de ter começado a ser publicado em finais de 2002, só em 2004 é que saiu o primeiro trade da série. Eu considero-me um fã desta série, e o meu primeiro contacto com esta foi em Maio de 2004, quando comprei o primeiro TPB. Tive a sorte de conseguir encontrar back issues de modo a completar os números que me faltavam, e isso incentivou-me a continuar a comprar regularmente este título. Caso não tivesse tido essa sorte, teria de esperar pelo segundo trade, o qual também só saiu recentemente. Com uma politica de publicação de TPB mais atempada, talvez mais leitores tivessem entrado no mundo de Gotham Central. Até porque o tipo de história parece ser mais virado para o tipo de publico que habitualmente se dedica mais aos TPBs que aos comics de 22 páginas.

Mas agora tudo não passam de especulações. O facto é que a série vai acabar, o que é pena. Mas também concordo com a opinião de Rucka, de que não seria a mesma coisa sem os tipos que a criaram. E é preferível a série acabar ainda em graça, do que vê-la cair em desgraça.

November 7, 2005

FIBDA 2005 - até ao ano que vem

E pronto, lá passou mais um FIBDA. Devo dizer que em termos de autores, achei este ano bastante bom em número e variedade artistica dos convidados presentes. Havia para todos os gostos, penso eu. Pelo menos no que toca ao meu gosto não me posso queixar. Autores de comics americanos havia pelo menos 5, graças aos esforços de 2 lojas e uma editora nacional.

A Kingpin-of-Comics trouxe cá Ed Brubaker (Captain America, Sleeper, Catwoman), Cameron Stewart (Seaguy, Catwoman) e Sean Phillips (Sleeper). A presença destes autores foi para mim o momento mais alto e de maior valor neste FIBDA. Ambos os artistas, para além de presentearem os seus fãs (e não só) com sketches, deram umas luzes sobre banda desenhada aos aspirantes a artistas que frequentaram os seus workshops durante o festival.

Cameron Stewart (t-shirt preta, ao centro) durante o workshop

Um deles, o Sean Phillips, trouxe algo de inovador ao FIBDA ao trazer consigo várias pranchas de trabalhos bem recentes dele, que ainda nem foram publicados nos Estados Unidos. Foi muito interessante poder ver os originais da série Marvel Zombies, sobre a qual já falei aqui neste blog.

Sean Phillips

Quanto ao Brubaker, foi igual a si mesmo, sempre muito conversador com o pessoal que o abordava. Outra mais valia introduzida pela Kingpin no programa deste ano foram as "conversas" (não eram bem debates, certo?) com estes autores, que decorreram na pequenissima divisão à qual a organização do FIBDA decidiu chamar de auditório. São sempre oportunidades de ouvir profissionais dos comics falar sobre o meio, e ficar a conhecer até algumas curiosidades engraçadas, como a história que o Ed Brubaker contou de quando era mais novo. Parece que há vários anos atrás, durante uma Comic-Con de San Diego, Brubaker tinha levado um pequeno comic autopublicado por ele para oferecer ao célebre Will Eisner. Este, no meio da confusão habitual que é uma comicon, agarrou no comic do Brubaker, assinou-o como se fosse dele, e devolveu-o ao Brubaker que ficou sem saber o que dizer. Próóóximo....

Convidado pela Mongorhead, também esteve cá o Liam Sharp (The Possessed, Spawn: The Dark Ages), de regresso ao FIBDA, 5 anos depois da sua última visita a este festival. Curioso, Steve Vai e Eric Sardinas tocaram na sexta-feira passada na Aula Magna, também 5 anos depois de terem dado um concerto nesse mesmo local. E que grande concerto, mais uma vez. Mas isso é outra conversa... A fila para sketches do Liam Sharp era das que andava mais devagar, mas não era de admirar. Bastava olhar para os excelentes desenhos que o pessoal orgulhosamente mostrava ao sair da fila, para perceber que Sharp se estava a esmerar.

Liam Sharp

Por fim, ainda dentro do campo dos comics, uma agradável surpresa pela mão da Devir: a presença no festival de Leandro Fernandez, artista recente de titulos da Marvel como Punisher, Wolverine e Hulk. E foram sobre esses personagens que recairam mais pedidos de sketches.
Foi pena não ter vindo também o Essad Ribic, como estava anunciado. As suas capas de Wolverine são verdadeiras obras de arte, e o seu estilo mais europeu que americano pode ser comprovado em titulos como The Brotherhood (já lá vão uns anos), e mais recentemente num par de números de Ultimate X-Men, onde introduz a versão ultimate da personagem Gambit.

Mas e tirando os autores convidados - cuja zona de autográfos estava muito bem estruturada - que tal foi o FIBDA deste ano ? Bem, se formos por aí, acho que se pode dizer que foi fraquinho. Tirando uma ou outra, as exposições não tinham o glamour ou personalidade de outros anos. A que me pareceu mais convidativa foi a do Cameron Stewart, que tinha cores chamativas mas não berrantes, e reproduções em mural de desenhos do autor.

Um dos 3 painéis da exposição de Cameron Stewart

Outra que tinha uma decoração interessante era a do artista Vittorio Giardino. Mas a maior parte, como a dos artistas convidados pela Devir, limitavam-se a ser um conjunto de pranchas pendurados numa parede. Bem sei que não se deve julgar um livro pela capa, mas num mundo como o da BD, onde a parte visual é muito importante, a apresentação das obras também conta para o realçar das mesmas.

Exposição de Vittorio Giardino

E que mais há a dizer sobre o FIBDA deste ano ? O recinto em si continua a não ter um ambiente agradável. É muito abafado e quente. Dá idéia que não tem qualquer tipo de ventilação, pois o número de pessoas presentes não era assim tão grande pra provocar tamanho calor. Vezes houve em que o número de pessoas pertencentes à organização me pareceu maior que o número de visitantes.

E para terminar, resta-me dizer qualquer coisa sobre uma actividade que tem vindo a tomar um lugar de grande destaque no FIBDA, nem que não seja pela barulheira que causa: a competição de cosplay. Eu até acho engraçado ver pessoal mascarado de personagens de Manga e Anime, mas algo me diz que podia ser melhor aproveitado este costume. Pareceu-me muito abandalhado, muito grito em palco. Mais uma vez, há que dar mais valor à imagem.

Full Metal Alchemist cosplayer