December 31, 2004

Balanço de 2004 em The Beat

No blog sobre comics The Beat, Heidi MacDonald analisa com um refrescante bom-senso algumas das notícias e eventos que fizeram o ano de 2004. É uma revisão bastante completa de como decorreu o ano que hoje termina, do ponto de vista dos comics, e cuja leitura recomendo. Entre outras coisas, achei bastante interessante a seguinte chamada de atenção:

"Perhaps the problem with the LCS [local comics shop, as lojas de comics "de bairro"] is what I call the '10,000 dopes syndrome.'

I base the 10,000 dopes figure on the sales for POWERS when it switched from Image to Marvel. Same interior. Same creators. Same regular shipping schedule. But it sells 10,000 more of every issue.

Now you could say that Marvel has more reach in the market place. But in theory, Marvel and Image have exactly equal exposure to the LCS system. Certainly Brian Michael Bendis is a known and loved quantity.

So maybe retailers don't even look outside the little Marvel catalog that ships with Previews? Or they know that 10,000 readers think the name Marvel is so all powerful that it automatically makes a comic good? I don't know what it is, but whatever it is, it's bad news. Very bad news.
"

É realmente um sinal de que, quando um comic não vende, não basta apontar os dedos às editoras e aos consumidores. Parece que muitos dos donos das lojas de comics norte-americanas (felizmente acho que temos uma situação diferente aqui em Portugal) não fazem mais do que olhar para a editora de um comic quando chega a altura de o encomendar ou não...

December 20, 2004

Recomendações PREVIEWS - Dezembro

Algumas (ou deveria dizer muitas?) recomendações para encomendas deste mês da PREVIEWS (VOL. XIV #12), o catálogo da principal distribuidora de comics norte-americanos... Marquei a bold os meus destaques.

- SEVEN SOLDIERS #0 (DC)
Escrito por Grant Morrison, com arte de J.H. Williams. 48 pág., $2.95.
A nova halucinação saída da cabeça do argumentista escocês começa aqui. Seguem-se, se não me engano, 7 mini-séries dedicadas a 7 personagens semi-obscuros do universo DC, que (dizem eles) funcionarão independentes, mas juntas formarão uma saga com grandes reprecursões (ou não - ver os meus comentários acerca de crossovers). Cinismo à parte, estou curioso em ver o que sai daqui...

- SOLO #3 (DC)
Escrito e com arte de Paul Pope. 48 pág, $4.95.
O terceiro número desta série que entrega 48 páginas a um autor para ele fazer, mais ou menos, o que lhe apetece é dedicado a Paul Pope, um autor muito especial. Promete mitos gregos, Omac (one-man-army-corps), New York e Robin (Dick Grayson).

- SANCTUM TPB (DC)
Escrito por Xavier Dorison, com arte de Christopher Bec. 192 pág., $19.95.
Já tenho parte disto em edição francófona. É uma história bem envolvente de mistério e sobrenatural passada num submarino nuclear norte-americano que descobre um velho submarino russo perto gigantesco templo sub-aquático. Ecos de Lovecraft...

- IT’S A BIRD SC (DC)
Escrito por Steven T. Seagle, com arte de Teddy Kristiansen. 136 pág., $17.95.
A versão softcover da extremamente elogiada graphic-novel auto-biográfica sobre o processo de escrita do comic Superman pelo próprio autor Steven T. Seagle.

- LUCIFER: EXODUS TPB (DC)
Escrito por Mike Carey, com arte de Peter Gross e Ryan Kelly. 168 pág., $14.95.
Nova compilação da excelente série LUCIFER, reúnindo os números 42-44 e 46-49. Quem já conhece, não deverá deixar passar. Os outros comecem pelo primeiro volume desta saga de proporções bíblicas, sobre o plano de Lucifer para criar um universo livre da influência de Deus.

- RUNAWAYS #1 (Marvel)
Escrito por Brian K. Vaughan, com arte de Adrian Alphona. 32 pág., $2.99.
Relançamento da série de culto RUNAWAYS. Ainda estou para comprar o primeiro TPB, mas nunca li uma palavra má sobre esta série sobre um grupo de filhos de super-vilões em fuga dos seus pais...

- SHANNA, THE SHE-DEVIL #1 (Marvel)
Escrito e com arte de Frank Cho. 32 pág., $3.50.
A arte pneumática que já foi colocada online de SHANNA estava espectacular em temos de traço e detalhes (não só anatómicos). Do argumento não espero grandes sofisticações, no entanto...

- MARVEL WEDDINGS TPB (Marvel)
Escrito por vários (Stan Lee, Jim Shooter, David Michelinie, Roy Thomas, John Byrne, Steve Englehart, etc), com arte de vários (Jack Kirby, Andy Kubert, John Buscema, John Byrne, Sal Buscema, etc). 200 pág., $19.99.
Uma compilação curiosa, que reune vários casamentos do universo Marvel. Passam por aqui o Spiderman, os Fantastic Four, o Hulk, os X-Men e talvez alguém mais. De propósito para o Dia de S.Valentim (esse dia tão nobre e tradicional, ou não...) em Fevereiro.

- DAMN NATION #1 (Dark Horse)
Escrito por Andrew Cosby, com arte J. Alexander. 32 pág., $2.99.
O início de uma mini-série de 3 números com um ponto de partida promissor: "The United States' borders and ports are locked down against a terrible threat. However, the barbed wire and infantries are not positioned to keep an enemy out, but to protect the rest of the world from a vampire plague that’s spread over every inch of the country.."

- LAST TRAIN TO DEADSVILLE: A CAL MCDONALD MYSTERY TPB (Dark Horse)
Escrito por Steve Niles, com arte de Kelley Jones. 144 pág., $14.95.
Agora é que é - o mês passado enganei-me e recomendei isto, quando ainda não estava disponível. Como disse, após "ler a primeira e divertidíssima mini-série dedicada a Cal McDonald, investigador do sobrenatural, fiquei convencido. Vou encomendar esta nova compilação, agora com a arte única de Kelley Jones (excelente artista para ambientes macabros), de quem já tinha saudades...."

- LITTLE STAR #1 (Oni Press Inc.)
Escrito e com arte de Andi Watson. 32 pág., $2.99, preto e branco.
O começo da nova série (bi-mensal) do genial Andi (BREAKFAST AFTER NOON, DUMPED, LOVE FIGHTS) Watson, desta vez falando sobre o que é tornar-se um pai. Vou esperar pelo eventual TPB, mas já sei que vai ser uma espera dolorosa...

- SCOTT PILGRIM VS THE WORLD VOLUME 2 GN (Oni Press Inc.)
Escrito e com arte de Bryan Lee O’Malley. 200 pág., $14.95, preto e branco.
O segundo volume da hilariante, tocante e divertidíssima história de Scott Pilgrim. Música, namoradas adolescentes, miúdas sobre patins, ex-namorados vingativos e muito, muito humor. Se for igual ao anterior SCOTT PILGRIM'S PRECIOUS LITTLE LIFE, não será abaixo do excelente. E façam o favor de comprar/encomendar também LOST AT SEA, a graphic-novel que me apresentou o Bryan Lee O’Malley. Este gajo vai longe! Preview aqui.

- THE ATHEIST #1 (Image)
Escrito por Phil Hester, com arte de John Mccrea. 32 pág., $3.50, preto e branco.
O começo de uma nova série bi-mensal protagonizada por Antoine Sharpe, um investigador do sobrenatural. Nada de original, mas Phil Hester (mais conhecido pelos seus desenhos, mas um argumentista bem competente) e John Mccrea são dois nomes que não costumam decepcionar. A investigar, depois de ler o artigo aqui...

- SCURVY DOGS VOLUME 1: RAGS TO RICHES TP (AIT/PlanetLAR)
Escrito por Andrew Boyd, com arte de Ryan Yount. 160 pág., $12.95, preto e branco.
Só ouvi dizer maravilhas desta série cómica sobre um grupo de piratas e as suas desventuras a tentar viver uma vida "normal". Esta compilação reúne todos os 5 números da série.

- STRANGE DAY (Alternative Comics)
Escrito por Damon Hurd, com arte de Tatiana Gill. 48 pág., $3.95, preto e branco.
Esta mini-graphic-novel fala de dois fãs dos The Cure, de faltar às aulas e de alienação. Merece chamada de atenção por ser escrita pelo criador de UNCLE JEFF, uma das histórias mais tocantes que já li em banda-desenhada.

- OWLY: JUST A LITTLE BLUE TP (Top Shelf Productions)
Escrito e com arte de Andy Runton. 112 pág., $10, preto e branco.
Segundo volume da série Owly. Já tenho ouvido falar muito bem desta série sem palavras, para todas (mesmo todas) as idades.

E pronto, é tudo. Aceitam-se comentários e/ou outras recomendações.

December 17, 2004

Heróis do Século XXI


THE ULTIMATES 2 #1
Argumento de Mark Millar
Arte de Bryan Hitch
Editado pela Marvel

É a muito aguardada sequela do sucesso retumbante que foi o primeiro volume de “The Ultimates”, a série mais entusiasmante e irreverente que a Marvel lançou nos últimos anos. Mark Millar e Bryan Hitch voltam a pegar nas versões ultimate das personagens clássicas de Lee, Kirby & Companhia para mais uma viagem de doze números na montanha-russa.

Destaco primeiro a arte de Bryan Hitch, cada vez melhor, e já se espera pelo dia em que se diga que o Alan Davis quer ser o Bryan Hitch quando for grande. Dá-me ideia que Hitch tem uma capacidade maior para criar uma página mais estética, um bocadinho além da competentíssima storytelling de super-heróis de Davis. Talvez o argumento puxe por essas qualidade dele, lembro-me que os seus números em JLA não eram tão interessantes. A cena inicial deste número está excelente, é o momento de acção a fazer lembrar a série anterior que, diga-se de passagem, é capaz de ser a única base de comparação válida para a arte actual de Hitch, e mesmo para a série em si. As cenas na cela de Banner mostram bem o puro design de Hitch, e as panorâmicas sobre Iskellion são sempre de grande espectáculo. Já na capa, há um esforço em mostrar o "group shot" sem ser de uma forma estafada de "photo-op" demasiado óbvia de que os comics de super-grupos costumam abusar.

Sobre a escrita de Millar, pode-se dizer que nem sempre é tão regular quanto a sua capacidade de criar expectativa sobre os seus projectos, e o primeiro volume da série será muito difícil de superar. Tentar encontrar enredos que nos façam esquecer a destruição em massa, as invasões de extra-terrestres mesmo feios e as relações complicadas entre personagens, tudo coisas que já vimos, não será certamente fácil. Este primeiro número, não se pode dizer que seja um começo em grande escala, mas temos uma cena de abertura com um Captain America imparável no palco de uma das guerras bushianas. É o tipo de cena a que Millar já nos habituou, que são bem típicas dos super-heróis de tendência "século XXI", sacanas proactivos e a fazerem lembrar um Clint Eastwood dos filmes do Sergio Leone.

Mas para serem um Ultimate, a estas personagens não basta ser-se um duro e fazer boa figura nos suportes da cultura tablóide do glamour. Há que esconder muito bem os pés de barro com que Millar soube calçá-los na primeira série, e agora os dedões já começam a espreitar por debaixo do manto de respeitabilidade do grupo. Uma coisa muito bem conseguida na série anterior foi a forma como Millar torna os leitores cúmplices dos Ultimates, especialmente na questão Hulk, e nos mostra as personagens como sendo seres humanos normais, capazes dos mesmos pensamentos mesquinhos que nos envergonhamos de ter na nossa vida real. Temos então super-heróis vaidosos, egocêntricos, ligeiramente desequilibrados psicologicamente, que fazem coisas que não vêm nos regulamentos e que conseguem safar-se à responsabilidade graças ao uso experiente do departamento de relações públicas. Por tudo isto, é de esperar que venhamos assistir nos números seguintes à queda em desgraça das super-celebridades, para diversão daqueles que as elevaram a esse estatuto. No caso de alguns, não se pode dizer que não mereçam.

Millar começa por atirar-lhes com a geopolítica à cara. Como resultado de acções mal justificadas bem para lá da jurisdição dos Ultimates, o auto-proclamado Deus do Trovão demite-se da equipa, alegando diferenças irreconciliáveis de agendas políticas. Thor prefere a companhia de um selectivamente visível Vollstagg, o Volumoso, que desce a um típico diner nova-iorquino para matar saudades da gastronomia mortal e deixar o aviso de que Loki voltou às suas travessuras habituais. Este primeiro número serve fundamentalmente de prólogo, em que os nomes do meio-irmão de Thor e do robot Ultron são atirados ao ar, à laia de "coming atractions".

Entretanto, os Ultimates têm os seus próprios problemas: Desde a patente incapacidade do Captain America em apreciar o cinema actual, passando pela inusitada amizade e colaboração científica entre o espancador de mulheres Pym e o espancador de cidades Banner, até ao pesadelo de relações-públicas à espera de acontecer quando o terrível segredo que desesperadamente os Ultimates tentavam manter longe do conhecimento geral é finalmente exposto. Todos os sub-plots parecem lançados, e Millar até promete superar o que vimos em “The Ultimates”, não porque seja uma coisa fácil, mas porque roça mesmo o impossível.

Quote: “Well, that’s the thing about being a grown-up, Pietro. Sometimes you have to break these little promises.”

Hit & Run Reviews: The New Avengers #1


THE NEW AVENGERS #1
Argumento de Brian Michael Bendis
Arte de David Finch
Editado pela Marvel

Depois da controvérsia gerada por “Avengers: Chaos”, em que a mesma equipa criativa empreendeu um verdadeiro “shock to the system” à série, exterminando algumas personagens clássicas e outras mais figurativas, o prometido novo elenco dos heróis mais poderosos da Terra surge agora em “The New Avengers”. E vem cheio de caras conhecidas. É a Marvel a JLAficar o supergrupo mais abrangente do seu catálogo editorial, escandalizando o fanboy incauto por esse mundo fora. Como membro confesso dessa espécie já há vinte anos, não vejo qual é o mal.

A história está boa e promete mais, mesmo que tenha já sido feita antes numa graphic novel que poucos se lembrarão. A arte de Finch parece adaptar-se cada vez mais ao estilo de Bendis que, como argumentista, tem o seu maior trunfo na reconhecida capacidade de escrever os melhores diálogos do ramo, sugerindo vida e personalidade às personagens que lhe vão parar às mãos. Desta vez, o vilão de serviço parece ser, já que a nostalgia assim o exigiu, o Electro. Max Dillon, aparentemente acabadinho de chegar de umas aulas de afirmação pessoal, provoca uma fuga em massa em the Raft, a ilha-prisão de máxima segurança para super-criminosos.

Por acaso do destino, o momento escolhido por Electro coincide com uma visita do advogado Matt Murdock (que alegadamente é o super-herói Daredevil), que por motivos profissionais se fazia acompanhar pelo guarda-costas Luke Cage e aproveitava uma visita guiada às entranhas das instalações, tendo como guia a outrora Spider-Woman original, Jessica Drew. E, quando as luzes se apagam, acorrem ainda à ilha outras duas personagens do universo Marvel com maior destaque: o tagarela Spider-Man e o sisudo Captain America. Parece que o grupo já está todo reunido. Ou será que ainda falta alguém? Snikt!

Quote: “I have a little voice that is telling me to run screaming from here.”

Hit & Run Reviews: Iron Man #1


IRON MAN #1
Argumento de Warren Ellis
Arte de Adi Granov
Editado pela Marvel

Warren Ellis resolve então começar por recapitular uma vez mais a origem de Tony Stark e da sua armadura Iron Man. Como pretexto, Tony aceita ser entrevistado pelo documentarista John Pillinger que o confronta de forma aberta com o historial das Indústrias Stark no raramente humanitário mas sempre lucrativo negócio do armamento, fornecendo guerras onde quer que elas precisem de minas e bombas e coisas que matem as criancinhas e as mulheres e os idosos para a fotografia.

Ellis, futurista convicto que ele é, foi o argumentista escolhido pela Casa das Ideias para o reboot do vingador dourado. Tony Stark, visto por Ellis, recicla as suas características mais sofisticadas e adopta uma filosofia mais seca e realista em relação aos seus negócios. Ganha também uma nova secretária que, por agora, não passa de uma voz petulante no auricular, e inevitavelmente opta por um novo design para a sua armadura de Iron Man, que ele continua a utilizar para fins levemente zen.

Mas a história deste primeiro número passa também pela empresa Futurepharm, de onde uma misteriosa fórmula experimental chamada Extremis foi vendida clandestinamente a um grupo anarquista por um funcionário com tendências suicidas e sintomas clássicos de auto-comiseração galopante. Tony recebe um pedido de ajuda de Maya Hansen, designer médica às aranhas da Futurepharm, em nome da amizade recente entre eles e duma promessa feita em cima de umas poucas bebidas.

Na arte, temos Adi Granov, um puto novo, adepto das novas tecnologias que nos trouxeram a arte de formato digital. Poderá ser menos dinâmica, dirão uns, mais indicada para pin-ups e capas, mas agrada-me o resultado.

O casting da equipa criativa parece assim um pouco óbvio, e os temas já haviam sido abordados na década de oitenta, nos tempos do argumentista David Michelinie. Mas os diálogos sempre snappy de Ellis, a arte refrescante de Granov e um cliffhanger arrepiante acabam por tornar este primeiro número bem mais interessante que o Captain America #1.

Quote: “Hard to believe I used to be able to fit this into a suitcase.”

Hit & Run Reviews: Captain America #1


CAPTAIN AMERICA #1
Argumento de Ed Brubaker
Arte de Steve Epting
Editado pela Marvel.

O re-lançamento de uma das personagens mais emblemáticas do universo Marvel foi precedido de uma boa dose de hype, como parece ser cada vez mais a receita para estas situações. Ao leitor foram feitas promessas de assombro, à cobrança da equipa criativa composta pelo argumentista Ed Brubaker e pelo desenhador Steve Epting.

A magnífica arte de Epting cumpre tudo o que a propaganda anunciava, e está bem mais suave do que há uns anos, durante a sua run em “Avengers”. Mas o argumento deste #1 não traz assim muito de novo, e quase nada de assombro.

Steve Rogers, no rescaldo do evento “Chaos", passa por algumas dificuldades em lidar com a morte de alguns dos companheiros nos Avengers, e isso reflecte-se no seu modus operandi como Captain America. De tal modo, que Sharon Carter é despachada para lhe oferecer um ombro onde desabafar e conselhos que se possam seguir à letra.

Entretanto, e pelas costas, a velha pedra no sapato da sentinela da liberdade, o Red Skull, prepara-se para iniciar mais um esquema megalomaníaco onde a morte e a destruição são sempre cabeças de cartaz. Infelizmente para todas as partes envolvidas, a entrada em cena de uma figura potencialmente muito mais perigosa que a do mero fascista cadavérico do tempo da minha avó, vem baralhar as previsões mais cínicas e, esperemos, dar o mote para o tal assombro que nos prometeram.

Quote: “You’re at your lowest point, and that’s why you’ll never see me coming this time.”

December 11, 2004

Comics Hunter: Mission Stockholm

Howdy!

Depois de algum tempo ausente, eis-me de volta ao Blog com algo que já há algum tempo me tinha lembrado de fazer: um pequeno guia de lojas de Comics dentro e fora de Portugal, rubrica à qual dei o nome de Comics Hunter.

Uma das coisas que gosto de fazer quando estou fora de casa é procurar lojas de Comics. Em alguns paises é relativamente fácil encontrá-las, mas noutros é praticamente impossível, o que por vezes torna a "caçada" mais interessante.

Hoje trago-vos duas sugestões de lojas que encontrei em Estocolmo, Suécia.

À semelhança de Portugal, é possível encontrar BD de Super-Heróis editada na lingua local, em qualquer quiosque de jornais. Quando lá estive, há um par de semanas atrás, vi nas bancas o "Riot at Xavier's" de X-Men, e o Spider-man de Straczinsky, ainda desenhado pelo John Romita Jr. Mas e o tradicional Comic Book de 32 páginas, importado dos States ? Bem, isso foi muito mais dificil, e tive de procurar pelas lojas da especialidade.

Daquelas em que estive, destaco estas duas :

SCIENCE FICTION BOKHANDELN
Vasterlanggatan 48


Trata-se de uma loja enorme dedicada à Ficção Científica. Tem de tudo, desde DVDs a livros, jogos de tabuleiro e RPGs. No que diz respeito a BD, a maior parte do material é Manga' japonês. Comics americanos, apenas se encontram no formato Trade Paper Back, e existe também uma secção dedicada a albuns de BD europeus, principalmente franco-belgas. A selecção de filmes em DVD é muito boa e variada. De Anime existem vários titulos disponíveis, muitos deles importados dos Estados Unidos, e a metade do preço que se conseguem nas lojas de cá. Também têm uma boa colecção de DVDs de Series de TV, como o Mutant X, Babylon V, e por aí fora.
No que diz respeito a jogos, pode ver-se muita coisa de Lord of the Rings e Warhammer.

Aliás, em Estocolmo é rara a loja de jogos e ou brinquedos que não vende Warhammer. Já Heroclix ou Mage Knight, não encontrei em lado nenhum.

COMICS HEAVEN
St. Nygatan 23


Esta loja tem um nome um bocado enganador. É que à semelhança de todas as ditas lojas de Comics que vi em Estocolmo (esta foi a terceira), é muito dificil encontrar Comics recentes vindos dos Estados Unidos. A primeira coisa que salta à vista quando se entra numa loja destas é a desarrumação. Existem caixas por todo o lado na loja, com edições antigas de comics publicados na Suécia, comics importados, action figures espalhados por todo o lado, enfim, uma grande confusão. As lojas de Comics de Estocolmo são aquilo que cá em Portugal conhecemos como alfarrabistas. Têm muita coisa, mas a maior parte parece ser em segunda mão, e apenas com uma grande dose de paciência se consegue encontrar alguma coisa.

Ambas as lojas ficam situadas no centro histórico da cidade, Gamla Stan, e a uns 200 metros uma da outra, em ruas paralelas entre si. As bolas vermelhas indicam a localização das lojas, sendo a bola maior relativa à loja maior, a SFB.
Acaba por ser o melhor sitio para arranjar material made in USA mais recente, mas apenas em TPB. E mesmo em frente da loja há uma Coffee Shop muito agradável, onde se pode fugir do frio e folhear os livros acabados de comprar :-)